Editorial - António Gonçalves Rodrigues

País a duas velocidades cada vez mais distantes

O Jornal de Notícias publicava, na semana passada, uma notícia que devia encher de vergonha todos os governantes deste país, atuais e passados.
Titulava o JN que o Litoral tem sete vezes mais verbas do PRR do que o Interior.
A notícia, em si mesma, não deveria causar grande espanto, tendo em conta os constantes despautérios de que os habitantes do interior do país são vítima.
Mas, dizia ainda o JN, “o agravamento das assimetrias colide com objetivos da União Europeia. É nas obras grandes que se registam os maiores atrasos”, lia-se.


Salvar vidas é um investimento, não um gasto

O ano de 2024 tem sido particularmente trágico para os agricultores transmontanos, com cinco vítimas mortais em poucas semanas na sequência de acidentes com tratores agrícolas.
O martírio costuma ser mais intenso em anos de invernos longos e chuvosos, que deixam os terrenos mais instáveis e a necessidade de se fetuarem trabalhos agrícolas a tempo dos prazos legais de limpeza de terrenos, a tempo de sementeiras ou na altura em que os pomares precisam de ser lavrados para não comprometer o desenvolvimento das árvores devido à concorrência das ervas daninhas.


Andar para os lados em vez de andar para a frente

Numa outra época, quando disputava campeonatos de todo o terreno em motociclismo, treinava muitas vezes com um amigo de infância, agora proeminente dentista em Bragança. Perante aqueles pilotos mais espalhafatosos, que gostavam de fazer derrapar a roda, dizia-me o Tiago muitas vezes: “quanto mais espalhafato, mais se anda para o lado. E quanto mais se anda para o lado, menos se anda para a frente”.
Estas palavras vêm-me muitas vezes à ideia quando vejo algumas medidas dos nossos governos.


Decisões

Decidir parece ser das ações mais difíceis para quem lidera. Às tantas, será algum efeito secundário da água que servem lá para as bandas de Lisboa. Só isso explica que tenham passado 16 anos para se tomar uma decisão sobre o novo aeroporto de Lisboa que acabou por ser a mesma que já tinha sido tomada em 2008, por José Sócrates.
Entretanto, passaram por lá Pedro Passos Coelho, três governos de António Costa e aeroporto, nem vê-lo. Foi preciso tomar nova decisão...


Eleições que mexem

Quando estamos a um mês de mais um ato eleitoral, desta vez para a Europa, já se sentem as vibrações de eleições... mas das autárquicas. Isto quando ainda falta mais de um ano para aquelas que são as eleições tradicionalmente mais emotivas para a população.
Com os partidos concentrados na campanha para as Europeias, o facto de o distrito de Bragança não ter nenhum representante em lugares elegíveis em nenhuma lista, faz com que a atenção passe ao lado, desviando-se para outros assuntos.


Temperança em tempos de agressividade

A reflexão semanal do Papa Francisco, proferida na audiência pública desta quarta-feira, alertava para a necessidade de “temperança” no período que vivemos, “de agressividade”.
Citado pela Agência Ecclesia, o Papa afirmava que a virtude da “temperança” ajuda todos a “pesar e medir bem as palavras”, num mundo de “excessos”, elogiando quem vive com equilíbrio e sobriedade.
“Aprendamos a cultivar a virtude da temperança, de modo a poder controlar as nossas palavras e ações para evitar conflitos desnecessários e promover a paz na nossa sociedade”, pediu aos participantes.


Expectativas em alta

As expectativas são como os melões, só depois de abertas é que se consegue perceber se o sabor é tão doce como o embrulho deixava antever.
Para já, após a tomada de posse da totalidade do Governo de Luís Montenegro, as expectativas são altas para os transmontanos.
Desde logo, pela relação umbilical que o próprio Primeiro-Ministro tem com o Nordeste Transmontano, pois o seu pai era natural de Rabal, uma aldeia às portas de Bragança e em pleno Parque Natural de Montesinho.


O serviço militar obrigatório ou uma outra forma de o Estado dizer presente

Durante séculos que a presença militar foi condição de desenvolvimento de territórios dentro das fronteiras, mais do que bastião de proteção das populações.
Quando D. Afonso Henriques decidiu autopromover-se de Conde a Rei – nada contra – passou a utilizar a presença militar como fator de fixação de gente e elemento definidor das fronteiras com os reinos vizinhos.


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