Editorial - António Gonçalves Rodrigues

Orçamento com cheiro a eleições

O Orçamento de Estado para 2024 foi aprovado ontem na Assembleia da República, como algumas medidas surpreendentes, como aquela de que lhe damos conta aqui ao lado, da redução do IVA (Imposto de Valor Acrescentado) das alheiras de 23 para 13 por cento.
A medida, proposta pelos dois deputados do PS eleitos por Bragança, já há vários anos que vinha sendo reivindicada mas nunca conseguida.
De fora ficou o restante fumeiro, nomeadamente chouriças, salpicões ou butelos, que são produtos feitos em larga escala pela Espanha, com um grande volume de exportações para Portugal.


Casos e casinhos que se tornaram casarões

Ficou para a história a expressões dos “casos e casinhos” que o Primeiro-Ministro demissionário utilizou sobre os problemas legais que iam afetando elementos do seu executivo, há pouco menos de um ano.
Passados quase 12 meses, aquilo que se pôde verificar é que os casos e casinhos se tornaram autênticos casarões, ao ponto de terem custado ao país o Primeiro-Ministro eleito no âmbito de uma maioria absoluta do PS na Assembleia da Repúbica.


Camões e as decisões

Foi há precisamente oito dias que o Presidente da República anunciou que face à situação política do país iria convocar eleições pela segunda vez no seu mandato.
Se, na primeira, foi o impasse em torno da aprovação de um Orçamento para o país, esta segunda justificou-a com a demissão do Primeiro-Ministro, envolvido numa investigação pela Procuradoria-Geral da República. Uma demissão tendo por base escutas de terceiros que, alegadamente, implicavam António Costa.


A bomba atómica..

A escalada de tensão resultou no deflagrar da bomba atómica e lá vamos nós para eleições outra vez (provavelmente). Uma tensão escusada e que resulta de um choque de egos. O de António Costa e o de Marcelo Rebelo de Sousa.
Mais do que outra coisa qualquer, o pecado de António Costa foi o de ter enfrentado Marcelo Rebelo de Sousa, acossando-o. Cutucou a fera, criando mais tensão, em vez de esvaziar esse balão, criado com o caso Galamba.


De quem será a culpa?

A saúde está doente. O siagnóstico é velho. A cura é que tarda em aparecer.
Sindicatos médicos e Governo não se entendem, as urgências, um dos serviços mais básicos à população, vão soluçando ao sabor do vento.
Enquanto a guerra nos gabinetes prossegue, arrisca-se a fazer mortos e feridos, que ficam à porta da assistência prometida. Pelos vistos é assim em todas as guerras. Mas não tem dem ser.


A falácia do ambiente

A recente visita do Ministro da Economia, António Costa Silva, ao distrito de Bragança, permitiu ao Mensageiro de Bragança questionar este membro do Governo sobre o propalado aumento do preço do Imposto Único de Circulação (IUC).

A justificação é a “necessidade de descarbonizar a economia”, até fruto de um compromisso com a Comissão Europeia.

Ora, isso até faria sentido se, de facto, a eletricidade fosse uma energia “verde” (amiga do ambiente), sobretudo em termos de mobilidade.


Dar com uma mão, tirar com as duas

No anúncio do Orçamento de Estado para 2024, o Governo fez questão de garantir que serão devolvidos rendimentos às famílias portuguesas.
Parece que haverá uma reformulação dos escalões do IRS e que isso representa uma atualização de três por cento. Essa é a versão do copo meio cheio.
O problema é que a inflação deverá ficar nos 3,3 por cento. Portanto, acima do valor da atualização. Ou seja, uma perda real de rendimentos.
Mas, mais grave do que isso, é a questão do Imposto Único de Circulação.


Sinais..

Começou ontem, em Roma, a 16.ª Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, sob a presidência do Papa Francisco.
O sínodo, palavra que entrou no ouvido desde que o Papa Francisco a impulsionou, significa ‘caminhar juntos’.
Esta Assembleia (terá uma segunda parte em 2024), decorre de 4 a 29 de outubro, com o tema “Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação, missão” e espera-se que venha a ser tão revolucionária para a Igreja como foi o Concílio Vaticano II.


Pormaiores...

Recentemente, foi notícia que um em cada dois portugueses atualmente empregados sente que o seu salário não cobre todas as suas despesas, de acordo com o primeiro Barómetro Europeu sobre Pobreza e Precariedade, divulgado no início do mês.
De acordo com a notícia da Agência Lusa sobre o relatório do estudo realizado pela empresa Ipsos, a situação dos trabalhadores europeus é “muito preocupante, especialmente em Portugal e na Sérvia”.


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