Álvaro Mendonça

A Economia II - As indústrias locais b)

O marceneiro era o mago das madeiras. Conheciam toda a madeira serrada, só num relance. Nós não o conseguimos fazer, a menos que esteja polida ao natural e tenhamos já sido instruídos. Eram profissionais que ainda sabiam trabalhar sem pregos ou parafusos, embora estes já estivessem vulgarizados. A arte era passada de artista a aprendiz, ao longo de muitos anos, e os móveis executados a rigor. Frequentemente tiravam modelos de móveis antigos, entregues para reparação, para novas obras.


A Economia I - As indústrias locais a

Desde o fim do século XIX que havia veterinários na maioria dos concelhos. Destinavam-se estes a prover os agricultores de meios de combate às doenças animais mas, mais do que isso, a fazer a inspecção sanitária dos produtos de origem animal. Desde a II Grande Guerra que a sua presença se estendeu também ao controlo comercial dos produtos animais, através da Junta Nacional dos Produtos Pecuários.


A Sociedade XVIII – A Procissão

Às vezes acordávamos com a música da banda, ao longe.
Dias antes, os mordomos pediam ajuda para compor e ajeitar os andores. Limpavam-se e enfeitavam-se com flores, pediam-se pela aldeia a quem as tinha.
No dia da festa os mordomos andavam numa aflição, logo desde cedinho. Aguardavam a chegada da banda, que corria toda a aldeia, com música ligeira e ar descontraído, como que a dar as boas-vindas à Santa.


A Sociedade XIV - Um funeral na aldeia

A morte é o final anunciado. Toda a honra que queiramos dar aos mortos, será pouca para recordar as suas vidas. Assim é nas aldeias. Por mal que possa parecer, ele há pessoas que suscitam mais saudade, ou agradecimento, ou outra coisa, por serem novos, ou fazerem mais falta material ou pelo que representaram, mais mundanamente.
De manhã morreu o Sr MB, muito considerado na terra, com muitas propriedades e amigo de todos. Abria a tulha a todos, nos anos maus. Matou muita fome!. Teve uma morte santa, não ficou para aí tolheito.


A Sociedade XIII – Honra e teimosia

A miséria generalizada, o frio, a fome, o isolamento, a falta de horizontes, a impotência perante o destino e, apesar de tudo, espero fazer suscitar ainda algumas saudades, de tudo aquilo que os ligou aos demais. Esquece-se o pior, recorda-se o melhor. Como seria possível esquecer a generosidade daqueles que ajudavam quem estava pior, que mantinha um lume aceso para garotos com frio, ou cozia mais umas batatas para quem estava com fome. Que ajudava na apanha da azeitona, do trigo na ceifa do feno ou na matança do porco? Daqueles que se entreajudavam no limite da pobreza?


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