Paulo Cordeiro Salgado

Visita II

“…Os que não conseguem lembrar o passado estão condenados a ter que o repetir” (George Santayana, 1863-1952 – poeta e filósofo espanhol).


Pandemia e Sísifo

Todos conhecemos, ou relembramos, ou lemos pela primeira vez, o que se passou com Sísifo: um personagem saborosamente criado pela mitologia grega que, provido de sabedoria suficiente para enganar a morte, por duas vezes o fez, e por ser de mau caráter (diziam os gregos e a tradição), foi forçado a ir para as profundezas do mundo subterrâneo, onde Hades (deus dos mortos) o acolheu. Ora, fora ele condenado a repetir eternamente a tarefa de empurrar uma pedra até ao topo de uma montanha.


As Crianças

Volver a África, fazendo-o sem saudosismo, sem angústias, sem contrição, antes com amor, compreensão, solidariedade – um imperativo emocional. Sem esquecer o meu rincão. Nasceu da vontade de regressar ao terreno onde houve guerra – uma guerra em que participei, que nunca compreendi, que aceitei por comodismo. A terra libertada foi meu objetivo de visita após a independência. Terra libertada? Com esta liberdade, feita de penúria, de conflitos, de desigualdades e de esquecimento dos desfavorecidos? Tornou-se uma espécie de sina.


Visita

Eis-me em Londres e, a seguir, Newcastle – obrigações de avós. Tivera eu a verve do nosso Eça e aventurar-me-ia a aprofundar alguns aspetos destas duas cidades; dominara eu a historiografia inglesa, e atrever-me-ia a escrever algumas crónicas. Usarei de temperança. Deixo apenas algumas notas que decorrem das visitas feitas ao Reino Unido.
Desde logo, em Londres, atualmente:


SARS-CoV-2 e Saúde Pública

Trago ao leitor três depoimentos acerca da experiência ‘vivida’ por pessoas concretas que contraírem o SARS-CoV-2 – cujos nomes, como compreendereis, não revelo. Curaram. Felizmente.
Vejamos:
1.ª Doente de 74 anos, do sexo masculino
“Inicialmente, fiquei em casa, pois a minha mulher já fora internada com este vírus; os meus filhos levavam-me a comida a casa; de seguida, fui internado e estive nos cuidados intensivos em coma induzido durante quinze dias.
Esta é uma doença do ‘desamparo’; houve momentos que pensei em deixar-me morrer”.


A Pandemia e a Nova Humanidade - breves reflexões

Muito se escreve e se comenta sobre a pandemia e o cumprimento das normas respeitantes ao respetivo controlo – ainda bem. Basta abrir os jornais, ouvir os noticiários, e, sobretudo, os comentadores. Não curo de verter aqui exemplos vários de tanta informação, que, sendo necessária para fomentar o conhecimento reflexivo, optam alguns dos seus autores, por vezes, demasiadas vezes, por um sensacionalismo feroz que, de forma recorrente, gera exageros e mesmo confusão e desconfiança.


Que tempos são estes? (II)

1. Na última crónica – “Que tempos são estes?”, no ponto 2, atrevi-me a sugerir leituras que permitiriam preencher momentos de lazer, que, por força do cumprimento das normas sanitárias, e no uso da nossa condição de cidadãos atentos, habitualmente nos ligam à cultura, seja qual for a sua natureza. Certo é, apenas relembro, que a expressão “cultura” abrange um conjunto alargado de horizontes, de disciplinas, de saberes.


Que tempos são estes?

1. Escrevo esta crónica em período quaresmal. Confinado. Fisicamente. Utilizando a tecnologia, agora mais vulgarizada, um amigo, aqui da minha terra, lamentava-se: agora, não podemos participar nas tradicionais cerimónias desta quadra, tão importante para os católicos. Ao que eu rebati, afirmando que agora as cerimónias perderam a importância que lhes atribuímos quando, crianças e jovens, ouvíamos o repicar dos sinos, seguíamos todos os cortejos, sobretudo aguardávamos a entrada de Cristo nas nossas casas, ouvindo o Aleluia. Tudo está no sótão das memórias!


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