Uma bondade (quase) perfeita
Em 2016 o escritor transmontano, Ernesto José Rodrigues editava na Gradiva mais um romance que, com o título “Uma Bondade Perfeita”, haveria de vir a receber, em 2017, o Prémio Narrativa do PEN Clube Português.
Em 2016 o escritor transmontano, Ernesto José Rodrigues editava na Gradiva mais um romance que, com o título “Uma Bondade Perfeita”, haveria de vir a receber, em 2017, o Prémio Narrativa do PEN Clube Português.
Normalmente, de pouco serve ter razão antes do tempo, a não ser uma satisfação por ver reconhecida a sua clarividência e capacidade de antevisão, também por quem, anteriormente, a tinha contestado. É verdade que de pouco adianta vir dizer “isso já eu tinha dito, recomendado ou antecipado há muito tempo” mas também não há mal nenhum em recordá-lo e, com razão, reclamar mais atenção, para futuras “recomendações”.
Qualquer leigo na matéria que leia de forma leve e descontraída os primeiros capítulos de “A Riqueza das Nações” de Adam Smith ou, melhor, assista a uma aula de introdução à economia pelo Professor da Universidade Católica, João César das Neves entenderá que os princípios das relações económicas são, na sua génese, simples. Alguém tem ou produz um bem que outrem pretende, acordam o valor, o comprador paga e a transação efetua-se. O preço justo, em mercado aberto e livre, resulta do ajustamento entre as curvas da oferta e da procura.
Em 1973 líamos o novíssimo Expresso que o Alcides trazia para o Chave D’Ouro, a embrulhar “A Funda” do Artur Portela Filho, comprávamos na Mário Péricles livros “raros” que partilhávamos, emocionávamo-nos com “O Lodo e as Estrelas” do padre Ferraz e ouvíamos, em ambiente reservado, Zeca e Adriano. No Liceu, calhou-nos em sorte, como professor de Religião e Moral, o padre Ferreira de quem se diria, mais tarde, ter em igual consideração e de leitura diária a Bíblia e o Capital de Karl Marx.
Apesar de, durante a sua vigência, já nenhum de nós estivesse no colégio, do outro lado do Fervença, a Academia 73/74 teve a sua génese no S. João de Brito.
Recebi, de uma prestigiada agremiação literária, um convite para escrever sobre a liberdade, por ocasião da celebração dos 50 anos do 25 de abril de 1974, reportando-me àquela data. Lembrei-me, de imediato, da Academia, a que pertenci, no seu último mandato, e que tendo sido eleita no final do ano letivo em 1972/73, teve a sua génese vários meses antes.
Finalmente!
Quando passam cento e quarenta anos sobre o anúncio “urbi et orbi” de José Leite de Vasconcelos revelando a existência da Lhéngua Mirandesa, foi criado, no âmbito do Orçamento de Estado para 2023, com dotação anual de 100.000 euros, o Instituto de Promoção da Língua Mirandesa, dez anos depois de ter sido reclamado por Amadeu Ferreira, na TVI, em entrevista conduzida por Victor Bandarra.
Justo e urgente.
(Ye perciso ler i ye ourgente scribir)
No passado dia 25 deste mês de outubro, no auditório da Sociedade Portuguesa de Autores foram apresentados publicamente os vencedores dos prémios PEN relativos às obras publicadas no ano de 2021. Junto à mesa de presidência da cerimónia estava, como habitualmente, uma cadeira vazia, simbologia que o PEN instituiu e mantém para homenagear os escritores que, por esse mundo fora, são vítimas de discriminação, coacção, repressão e outros abusos intoleráveis que lhes são infligidos pelo facto singelo e humano de, sendo escritores, escreverem de forma livre e responsável.