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A distribuição de riqueza e o exemplo de Cristo

Esta semana foi notícia uma análise do banco Credit Suisse sobre a produção de riqueza a nível mundial.
De acordo com as notícias, a riqueza no mundo cresceu 9,8 por cento em 2021. No entanto, o que salta à vista é o facto de estar cada vez mais concentrada em poucos, já que quase metade do dinheiro está nas mãos de um por cento das pessoas.
Segundo o estudo do Credit Suisse Bank, a riqueza global somava, no final do ano passado, 465 biliões de euros, 45,6 por cento dos quais eram propriedade de um por cento das pessoas, o que representa mais 1,7 por cento do que em 2020.
Além disso, o aumento da riqueza concentrou-se em apenas dois países: os Estados Unidos (EUA) representam metade do total e a China um quarto do ‘bolo’.
O resto do mundo repartiu um quarto do valor restante, refere a análise do Credit Suisse Bank citada pela agência espanhola de notícias EFE.
Dizem ainda as notícias que o aumento de 9,8 por cento da riqueza num ano já está, no entanto, a ser corrigido pelas taxas de câmbio atuais, mas sem esse fator o crescimento chegaria aos 12,7 por cento, o que representa a taxa anual de crescimento mais rápida já registada. Isto acontece num ano em que o mundo estava apenas a começar a recuperar da pandemia de covid-19.
O ano de 2021 “foi um bom ano para as finanças”, comentou um dos autores da análise, Anthony Shorrocks, na apresentação do relatório anual de riqueza do Credit Suisse, citando o aumento das ações e a descida das taxas de juros fixadas pelos bancos centrais como principais razões para o cenário.
Um cenário que se inverteu este ano, sobretudo depois da invasão da Ucrânia por parte da Rússia, em fevereiro.
“É muito cedo para determinar o impacto que terão a guerra na Ucrânia, a inflação e os problemas nas cadeias de abastecimento globais, que podem levar a uma reversão da tendência”, referiu a responsável de análises do banco, Nannette Hechler-Fayd’herbe.
Em geral, o número de ultra ricos aumentou 21 por cento, enquanto o dos “simples” milionários (os que têm mais de um milhão de euros) cresceu nove por cento, passando a incluir 62,5 milhões de pessoas.
Em 2021, surgiram mais 30.000 novos ultra ricos nos EUA, mais 5.200 na China, mais 1.750 na Alemanha, mais 1.610 no Canadá e mais 1.350 na Austrália, mas as saídas deste grupo foram escassas, sendo apenas citados o Reino Unido (com menos 1.130 pessoas), a Turquia (menos 330) e Hong Kong (menos 130).
Na base da pirâmide estão aqueles que tinham uma “riqueza” de menos de 10 mil euros em 2021 e que representam mais de metade (53 por cento) da população mundial.
Ora, nem de propósito, o Papa Francisco alertava, no domingo, para esta temática.
“Para herdar a vida eterna não é necessário acumular os bens deste mundo, mas o que conta é a caridade que teremos vivido nas nossas relações fraternas. Eis então o convite de Jesus: não useis os bens deste mundo somente para vós mesmos e o vosso egoísmo, mas servi-vos deles para gerar amizades, para criar boas relações, para agir em caridade, para promover a fraternidade e para exercer o cuidado com os mais fracos”: disse o Papa no Angelus deste XXV Domingo do Tempo Comum.

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