Miranda do Douro

Pauliteiros de Miranda na Expo Dubai preparam atuação para o dia das Nações Unidas

Publicado por Francisco Pinto (no Dubai) em Sáb, 2021-10-23 23:57

Os Pauliteiros de Miranda, um dos ícone da cultura portuguesa começaram este sábado a preparação das duas atuações programadas para domingo na Expo Dubai 2020, dois anos depois do processo de reconhecimento como Património Mundial da Unesco.

Este domingo na Expo Dubai será dedicado às Nações Unidas, facto que ainda responsabiliza mais esta comitiva proveniente do interior profundo em representação de Portugal num dia “ tão importante e símbolo”.

O Mensageiro de Bragança acompanha a comitiva dos Pauliteiros de Miranda e o dia será dedicado ao reconhecimento do espaço de atuação dos Pauliteiros de Miranda que farão duas atuações junto do Pavilhão de Portugal, na Expo Dubai 2020, que decorre no Dubai e onde os dançadores e tocadores vou fazer os planos para aí se executarem os seus conhecidas danças ou “lhaços” e assim mostrarem ao mundo toda a vitalidade destas danças ancestrais cuja a origem se perde nos tempos.

A ansiedade é grande no seio do dado ser uma oportunidade “única” da cultura da Terra de Miranda se apresentar perante o mundo e assim obter reconhecimento global para o tão ansiado reconhecimento como Património Imaterial da Humanidade.

Alfredo Delgado é um dos dançadores do grupo de Pauliteiros de Miranda que integra a comitiva e não esconde a grande responsabilidade de mostrar ao mundo a dança dos paus tão característica do Planalto Mirandês, no distrito de Bragança, e sabe a responsabilidade que o grupo que representa tem sobre esta oportunidade única.

“Trabalhamos muitos ao longo dos últimos anos e tudo tentaremos fazer para obter reconhecimento para que os Pauliteiros de Miranda sejam reconhecidos como Património da Humanidade. É um momento histórico e de grande responsabilidade”, explicou o dançador.

Já Xavier Rodrigues, o gaiteiro do grupo, abre o repertório e disse que os cinco “lhaços” que vão ser dançados são dos mais emblemáticos da cultura do Planalto Mirandês tais como o Assalto ao Castelo, 25 de Roda, Fado, entre outros.

Por seu lado, o também dançador Rui Preto, vinca que esta é a oportunidade que faltava para que os pauliteiros tivessem “o seu verdadeiro recolhimento mundial “ através da Expo Dubai 2020.

“O esforço foi enorme e esperamos ser recompensados com este tipo de atuações já que foi uma longa viagem onde a burocracia e logística foram enorme ”, vincou.

Entre os investigadores, a origem da dança dos Pauliteiros não reúne consenso sobre esta matéria.

“Esta terá nascido durante a idade do ferro, na Transilvânia, espalhando-se posteriormente pela Europa”, afiançam alguns.
Há referências a certos povos que habitaram na península no século III (d.C) se preparavam para os combates com este tipo de danças, trocando apenas as espadas pelos paus de 45 cm, evitando riscos desnecessários.
Posteriormente, os povos conservaram estas danças para celebrarem a recolha dos frutos e dos cereais, assim como a passagem dos solstícios de Verão e Inverno.
Alguns autores, tal como o Abade de Baçal, defendem que a sua origem se deve à clássica dança pírrica guerreira por excelência dos gregos.

Este investigador já falecido e tido como um das maiores referência etnografia do Nordeste Transmontano dizia que via poucas diferenças entre esta dança e a dança dos Pauliteiros tais como a substituição das túnicas pelas saias, o escudo pelo lenço sobre os ombros, os chapéus enfeitados e a utilização da flauta pastoril. Mas a dança dos paulitos manifesta também vestígios de danças populares do sul de França e na dança das espadas dos Suíços na idade média.

Os romanos seriam os responsáveis pela propagação da dança pírrica a esta região.

Helder Ferreira um dos elementos que há cerca de dois anos prepara a candidatura dos Pauliteiros de Miranda a Património da Humanidade refere que atrasou “ um pouco devido” à pandemia .

"Para já fizemos o registo no Matriz PCI - Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, para depois mais tarde, se avançar com as formalidades da candidatura. Este registo é obrigatório desde 2018 e está praticamente pronto”, explicou.

Contudo, o também investigador adiantou que os pauliteiros já representam a cultura do Planalto Mirandês em muitos países europeus e estão de “boa saúde e cheios de vitalidade” fruto do seu percurso um pouco por todo o mundo.

Luís Pedro Martins, presidente do Turismo do Porto e Norte, indica que a presença dos pauliteiros no Dubai é mais uma oportunidade para que Porto e Norte se possam fazer representar naquele que é tido como o maior evento que realizado após a pandemia e que reúne pessoas de todo o mundo.

“Esta é uma oportunidade para mostrar a nossa cultura, através dos pauliteiros e permitir um contributo para a sua candidatura a Património Imaterial da Humanidade e depois também podermos apresentar a região do Porto e Norte e fazer contactos com convidados e outros influentes “, vincou o responsável.

As duas autuações dos Pauliteiros de Miranda, na Expo Dubai 2020, estão agendadas para as 17:35 e 19:30 (hora local) em frente ao Pavilhão de Portugal.

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