Pe. Manuel Ribeiro

Eis o desafio!

A pandemia tem vindo a revelar o princípio de uma grande mudança. Julgo que estamos a iniciar um tempo novo: um tempo com novos paradigmas éticos, socias, políticos, filosóficos e espirituais. O próprio teólogo Walter Kasper afirma que o problema filosófico do acontecimento contingente volta a estar no centro da reflexão hodierna. Mas o que significa isto? Segundo este teólogo, trata-se “de um acontecimento cuja a verificação não é necessária segundo uma lei natural e que, no entanto, é possível”.


Quando não se tem um caminho, qualquer um serve

A vida está cheia de encontros e desencontros, de marcas e de sinais. É um facto! Há dias, num inesperado e inusitado encontro com um paroquiano, fui questionado sobre o sentido de vida e sobre o porquê desta maleita/peste ter levado consigo um ente querido. “Por que é que Deus permite isto? Onde está Deus? Esta pandemia é um sinal e um castigo de Deus”? Certamente cada um de nós ou já se questionou ou já foi questionado sobre este tema. A verdade é que falamos pouco da morte. Melhor dito, falamos sempre da morte do outro e nunca da nossa.


Do desprendimento à liberdade

O tempo santo da Quaresma é uma oportunidade, única e irrepetível, de mudança positiva nas nossas vidas. A santa Quaresma é, essencialmente, renovadora e transformadora da alma, transfigura-nos com o rosto de Cristo Jesus convidando-nos incessantemente à libertação do velho, da matéria, do ego, e para o nascimento de algo completamente novo e belo. Esta dinâmica de morte/vida e crucificação/ressurreição é uma tensão permanente neste tempo santo.


O coração pesado

Gostava de fazer esta reflexão a partir do seguinte trecho do Evangelho de São Lucas: “Tende cuidado convosco, não suceda que os vossos corações se tornem pesados com a intemperança, a embriaguez e as preocupações da vida e esse dia não vos surpreenda subitamente como uma armadilha” (Lc 21, 34). Gosto, em especial, de ler o último Evangelho de cada Ano Litúrgico. Este texto sagrado gerou em mim a consciência acerca do perigo em pensarmos que somos, apenas e só, personagens da nossa própria vida ou da nossa própria história.


Que eu seja o presente

em hoje, deprimido pelo passado que foi e na ansiedade do que há de ser. Paralelamente, olhamos para o presente como uma oportunidade de fruir o mais possível como se não houvesse amanhã, como se tudo se cingisse às vivências desenfreadas das emoções e das sensações corpóreas. Tudo muito poroso, na verdade...


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