Armando Fernandes

 

 

Tristes dias

As nuvens negras teimam em permanecerem no nosso horizonte mais imediato, alguns especialistas na previsão do tempo afiançam só ser possível o aparecimento de cirros daqui a sessenta anos. O Presidente da República baixa a previsão para vinte a trinta anos, o que aos entrados no Outono ou Inverno da vida representa negros e tristes dias até à sua passagem para o mundo dos mortos.


Traços e Troços Destroçados

A leitura dos jornais de Bragança propiciam-me alegrias e avivações de afectos, fico-lhe grato por isso, no entanto, também me provocam agravos no desenrolar dos dias porque relatam o constante definhamento humano a plasmar outros deslaçamentos. Estou convicto que de tal sorte de agravos também outros sofrem, ainda mais quando se aproximam eleições a justificarem aos detentores do poder e aspirantes a tal, a maçada de se deslocarem às terras do interior na caça ao voto.


Lago Sanabria

Tão perto de Bragança, tão distante durante décadas, tão apreciado na estação calmosa. Reina grave e acesa discussão nas estâncias de poder espanholas porque o lago estará a ser contaminado pela má acção das depuradoras, também devido às maldades provocadas pelo homem. Os senhores inimigos da barragem de Veiguinha, que eu saiba, ainda não desataram o nó do lenço de protestos relativamente às denúncias da Estação Biológica Internacional, que além de serem contestadas pelos organismos oficiais recebem insinuações de serem feitas devido a interesses financeiros.


Tabafeias

Na última edição do Mensageiro a propósito do intento da Câmara de Miranda em certificar a tabafeia, a Senhora Vereadora da Cultura disse: “Tabafeia uma espécie de alheira apenas produzida na região de Miranda do Douro”, o que além de ser uma falsidade do tamanho da Sé do Menino Jesus da Cartolinha, significa estar a detentora do pelouro cultural a passar um atestado de menoridade às gentes de outras localidades da Terra Fria. O sábio Leite de Vasconcelos acerca da tabafeia anota: “É, em Bragança, uma espécie de chouriço feito de dobrada, galinha, pimento, etc.”.


Há mar e mar…

Tinha sete anos quando pela primeira vez vislumbrei o mar. Não lhe achei graça, meteu-me medo, aquele mar de Matosinhos pura e simplesmente perdia relativamente ao mar sonhado através do ouvido na aldeia de Lagarelhos. Ao dia de ver o mar sucedeu a noite, bem mais alegre e garrida, no arraial em honra do Senhor de Matosinhos comi farturas, andei nos cavalinhos e o meu benquisto Tio Francisco ofereceu-me um biciclista de madeira dotado de campainha de modo a avisar os distraídos da iminência de choque. Entre o mar e a terra preferi a certeza de pisar terreno firme.


Tempos Extraordinários

A torto e a direito, por dá cá aquela palha, ouvimos e lemos, estarmos a viver tempos extraordinários. Em muitas perorações é notório o extraordinário empenho dos faladores tentarem mascarar a realidade através dessas duas bengalas, revelando dificuldades em admitirem serem os extraordinários tempos resultado dos tempos difíceis, cujo retrato sombrio nos foi dado por famoso escritor inglês autor de obras de danação humana, cujo título de uma delas é: Tempos Difíceis.


Lembrando Eusébio

A primeira pessoa em Bragança a mostrar-me uma fotografia de Eusébio, foi o Senhor Augusto Poças. Benfiquista ardoroso nutria grande apreço pelo artífice da vitória em Amesterdão, que eu presenciei no café Moderno debaixo os olhares vigilantes do Sr. Roque, o qual além de ser Andrade abominava ver-nos sentados duas horas ao redor das mesas consumindo apenas um galão e um bolo de arroz, este de óptima qualidade. Julgo que o Sr.


Assinaturas MDB