Editorial - António Gonçalves Rodrigues

O associativismo como um sinal da sociedade

Os problemas que se verificam atualmente no Grupo Desportivo de Bragança são um sinal da sociedade ao qual devemos estar atentos.
Com duas Assembleias Gerais já realizadas, com cerca de 30 sócios (há dois anos votaram 700 no último ato eleitoral) presentes e sem que de entre eles tenha havido um com disponibilidade para encabeçar uma lista que fosse capaz de reunir os elementos necessários, fica demonstrado que o movimento associativo não atravessa uma das suas fases mais saudáveis.
Até porque este não é um problema exclusivo do GDB.


E agora sem rede...

Agora que estamos a chegar ao quarto mês DC (depois da covid), a espuma e a agitação inicial que nos envolveu num desassossego permanente começam, finalmente, a assentar e a permitir vislumbrar o que aí vem em termos de tormentas sociais e a começar a perceber o que o coronavírus nos está a fazer enquanto sociedade.
Há quatro meses e meio vivíamos, ainda, uma fase de otimismo irritante, com a discussão a centrar-se no saldo positivo das contas do Estado e na descentralização do Conselho de Ministros, que se realizava, desta vez, em Bragança.


Saturação

Três meses e meio depois do início de um período que os portugueses nunca mais irão esquecer, em que as expressões “confinamento” ou “distanciamento social” entraram no nosso dia a dia de repelão mas tomaram conta do sofá da sala, já não esperava ainda escrever sobre a pandemia e a covid-19. Pelo menos, não até outubro.
Tentei resistir mas a verdade é que, por maior que seja a saturação que já tenhamos com o tema, ele veio para ficar. Imiscuiu-se no meio de nós vai condicionar os nossos comportamentos em sociedade nos próximos anos, se não para sempre.


A história tende a repetir-se

Ciclicamente, a história tende a repetir-se. Daí a necessidade de estudarmos a história para aprendermos com os erros cometidos e não os repetirmos.
Há cerca de um século, quando o mundo enfrentou uma outra pandemia, de gripe espanhola, também houve necessidade de recorrer ao confinamento.
Na altura, as condições que se viviam na generalidade das aldeias e cidades portuguesas não eram, nem de longe nem de perto, as mesmas que se vivem atualmente.


Desconfinamento e paraquedistas

Exatamente um mês depois, o concelho de Bragança registou, ao final da tarde de sexta-feira, mais dois casos positivos a covid-19, o que já não acontecia desde 05 de maio. Já no domingo, mais sete resultados positivos, quatro deles vindos da região de Lisboa, a mais afetada do país, para o Nordeste Transmontano.
O desconfinamento gradual que temos vivido não pode ser desculpa para baixar a guarda. Nas últimas semanas tem havido uma série de comportamentos de risco na região, que têm sido denunciados aqui no Mensageiro, mas que tocam a todos.


Prova de fogo

A próxima semana será o teste do algodão à forma como os transmontanos, em particular os do cantinho mais a Nordeste do país, vivem e viverão o desconfinamento provocado pela covid-19.
A partir da próxima segunda-feira, as creches deverão já receber mais crianças e muitas empresas voltarão ao ritmo normal de trabalho presencial.


Encontrar a esperança no meio das trevas

Noticiava esta segunda-feira o Jornal de Notícias que a Comissão Europeia considerou que “a desinformação é a doença do século”, frisando que os esforços das plataformas digitais “nunca serão suficientes” para combater a propagação de notícias falsas na internet, e ameaçou criar regras mais apertadas.
“No que toca à desinformação, nunca vamos fazer o suficiente, esta é a doença do século”, afirmou o comissário europeu do Mercado Interno, Thierry Breton, citado pelo JN.


O vírus que se instala

No dia em que se cumprem dois meses desde o primeiro caso de covid-19 no distrito de Bragança (entretanto, felizmente já recuperado), o mundo inteiro deu várias voltas, baralhou e está a dar de novo.
Cancelaram-se eventos que nenhuma guerra, crise ou peste tinham cancelado antes, as ruas nas grandes cidades ficaram desertas como não há memória de alguma vez terem estado, as relações humanas e afetivas perderam muito do calor que as caracterizava.


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