A opinião de ...

Dias tenebrosos

Temos pela frente tempos muito difíceis!
Aliás já estamos a sofrer, como o resto da Europa, com o descontrolo do preço dos combustíveis e do mercado de energia que, por sua vez, já está a fazer subir o preço dos transportes bem como o das matérias-primas.
Esta situação parece daqueles jogos em que se derruba uma peça de dominó e depois acabam por, em sequência, cair todas as outras, pois é o que acontecerá também à nossa cesta de compras que irá ficar mais cara nas próximas semanas pelas anteriores razões a que acrescerá a da escassez de produtos pois precisamente a Ucrânia, e também a Rússia, são dos nossos principais fornecedores.
É substancial a importação, como se vê noticiado, não só do petróleo e do gás natural, como também de outros produtos como o aço, o alumínio ou o milho, o girassol, o trigo e inclusive os fertilizantes tão essenciais para a agricultura.
Outra realidade na qual submergiremos, apesar do Governo andar com panaceias e demagogias, veja-se o caso dos combustíveis com uma das mais elevadas taxas fiscais, é a de um surto inflacionista pagando mais caro o nosso modo de vida.
Não nos bastava já termos tido a intervenção da troika, depois as sequelas da crise pandémica e agora esta guerra que nos desola e causa apreensão e mais sacrifícios!
Nessa medida, é bom que nos comecemos a preparar, consumindo menos, poupando mais, mudando mentalidades e atitudes que não deixam de ser mesmo uma novidade para alguns de nós, mas principalmente para as gerações mais novas habituadas que estão a viver de forma algo consumista, rodeadas de conforto e de satisfação de quase todos os desejos, mesmo que alguns menos essenciais e supérfluos.
Também aqui aos responsáveis políticos nacionais e do Poder Local, lhes será exigido sentido apurado das prioridades, da disposição dos meios em função dos fins e da seleção dos fins em relação aos meios. Deste modo, porque não repensar o PRR e por exemplo aplicá-lo também na fiscalidade, na atenuação da fatura energética e na ajuda à produção (agrícola, alimentar, etc)?
Ainda assim, já muito negativa a situação, falta saber onde ainda esta guerra nos levará, para a qual, os diferentes responsáveis da União Europeia e dos governos dos diferentes países europeus, bem como os da NATO e até os EUA, se tem mostrado titubeantes e frágeis face à escalada da violência perpetrada pelo autocrata e sua oligarquia russa.
A propósito pode mesmo dizer-se que a imagem dos líderes europeus na reunião da pretérita sexta-feira, em Versailles, em desfile de passadeira vermelha, palanque e holofotes, fazia lembrar mais uma qualquer festa do que o sentido da gravidade da situação, da responsabilidade exigida, dando a imagem de que parecem não levar a sério os terríveis acontecimentos a serem hodiernamente vividos à distância de um qualquer voo de 5 horas de Portugal!
Dá ideia de que estão a assistir de camarote, pois não deixam de dormir nas suas casas quentinhas e de irem aos seus restaurantes caros favoritos, fazendo umas ameaças aqui e ali, umas sanções acolá, mas sem voz ativa, uma liderança forte e concretização de estratégias claras e eficazes.
Resta saber até onde e até quando esta Europa, e nós com ela, suportará este estado de coisas e não avançará (a tal estratégia clara) de forma firme e resoluta para fazer sentar os protagonistas à mesa das negociações e encontrar aquilo que o mundo precisa que é a paz!
A paz que só é verdadeira e alcançável quando não se desiste dos princípios e valores da liberdade, da autodeterminação, do bem comum e da democracia e se faz tudo para impedir a crueldade e a barbárie de continuar, ainda que obrigue a sacrifícios como os que já nos encontramos a suportar.

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