A opinião de ...

Apicultura a Património da Humanidade

Há dias, em leitura do ABC, jornal do país vizinho, deparei-me com esta ideia, proposta por um apicultor, biólogo e veterinário do Município de Valência (Espanha), chamado Enrique Simó Zaragoza, que já reuniu mais de 80 mil assinaturas.
Entre tantas iniciativas de candidaturas, em múltiplos domínios, inclusive do Município de Bragança, atendendo à substância e alcance que uma candidatura como esta, a ser aprovada, poderia representar para o nosso território, não me parecia despiciendo que, pelo menos, merecesse atenção dos nossos autarcas.
Na verdade, não sendo conhecedor da área da apicultura, apesar de na família e nos amigos ter inúmeros apicultores que me vão contando, entusiasmados, as suas vivências e as lições que vão aprendendo com as abelhas (que surgiram na evolução da vida há 100 milhões de anos!), e de ser um consumidor e apreciador dos produtos que da apicultura provém, em todo o caso, é fácil reconhecer-se-lhe uma força potencial capaz de contribuir para o desenvolvimento económico territorial, ao mesmo tempo em que tornará mais informada a consciência da ajuda que promove a conservar a natureza e o meio ambiente, enfim, a preservar a vida.
Deste modo, o aproveitamento do potencial advindo de uma classificação da apicultura como Património da Humanidade, ainda que de modo indireto, poderia significar, a ela agregada, uma valorização dos nossos produtos autóctones, de excelência: o mel, a cera de abelha, o pólen a própolis, a geleia real e outros produtos apícolas.
Note-se que todos estes produtos de origem apícola, para além de serem alimento, de alto valor nutritivo, adoçante, etc, são utilizados na indústria dos cosméticos, na indústria dos fármacos e medicamentos, em velas, etc.
Além do mais, penso ser unânime considerar que o mel existente no distrito de Bragança é distinto, ímpar e variado e está à mão, é muito saboroso, tem muita qualidade e é de confiança.
Incidindo a atenção na área do Parque de Montesinho, o mel aqui produzido foi qualificado com a Denominação de Origem Protegida (DOP) desde 4 de Fevereiro de 1994!
Daí que os apicultores do distrito de Bragança, como o Agrupamento de Produtores do Mel do Parque Natural de Montesinho, a Associação dos Apicultores do Parque Natural de Montesinho, Associação dos Apicultores do Nordeste, ou produtores como a Apimonte, a Montesino – Sandra Barbosa (a primeira mulher transmontana a dedicar-se totalmente à apicultura) e tantos outros que formam uma cadeia produtiva integrada por um número já significativo, não obstante ser encarada, em muitos casos, como uma atividade complementar ou de autoconsumo, não deixarão com certeza de considerar esta candidatura a Património da Humanidade um instrumento propiciador da sua atividade, acrescentando-lhe valor e incrementando o agronegócio apícola.
Por fim, não conheço os trâmites legais e demais enquadramento jurídico atinente a uma candidatura deste tipo, mas comparando com outras candidaturas aprovadas, afigura-se como algo exequível e, neste caso até então, desejável.
Entretanto, ao que nos é dado a saber, persiste, aos dias de hoje, um grande potencial apícola por explorar de forma a ser maximizada a produção, a distribuição e a venda do mel e dos outros produtos apícolas, que possibilitará a criação de mais empregos, sejam eles temporários ou mesmo permanentes.
Não deixemos de atualizar o nosso pensamento sobre o desenvolvimento económico sustentável que desejamos para o nosso distrito, em respeito pelas capacidades da natureza e dos recursos com que fomos bafejados, mas não deixando de considerar a sua resiliência e potencial, preservando a vida das abelhas e, por elas, a nossa vida.
Eu já assinei a petição em https://www.change.org/p/sin-las-abejas-no-tendr%C3%ADamos-el-70-de-lo-…

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