A opinião de ...

Comemorações do 25 de Abril: Será que valeu mesmo a pena?

Passadas as comemorações do 25 de Abril e esvaziada a polémica sem qualquer sentido que as antecedeu e que, por mais que se queira ignorá-lo, em vez de unir, acabou por reabrir fraturas entre os portugueses ao dividi-los entre “os uns” e “os outros” e ressuscitar dentre os mortos fantasmas que se julgavam definitivamente enterrados.
Analisando agora, fria e objetivamente, o que foram estas comemorações tipo “low cost”, que tanta poeira levantaram nos dias que as antecederam, quando me questiono se teria valido a pena alimentar toda esta polémica inútil, estéril e sem qualquer sentido, respeitando embora todas as opiniões em contrário, não me resta a mínima dúvida em responder com um rotundo não. Mas, o mal está feito e não irá ficar por aqui. Muito mais grave e preocupante, é que a grande maioria dos principais envolvidos ficaram muito mal na fotografia e ficaram marcas profundas no prestígio da atividade parlamentar da Assembleia da República. Sobre isto, por me parecer um alerta preocupante e muito oportuno, cito afirmações recentes do Dr. Macário Correia, dizendo que “Metade (!?) dos deputados no Parlamento não faz nada de concreto, ou sequer útil e anda por lá só a ocupar o tempo” e “É essencial a racionalidade política em ordem ao bem comum, bem para lá dos interesses próprios e partidários”.
Mesmo sem conseguirem disfarçar a pobreza quase franciscana da sessão comemorativa do 25 de Abril realizada no ambiente pesado e triste, duma Assembleia da República quase vazia, qual velório de caridade numa qualquer aldeia do interior, ainda que por razões diferentes, estive muito atento a todas as intervenções proferidas, sendo justo destacar dentre todas o brilhante e muito oportuno discurso do Sr. Presidente da República que, aproveitando a maneira como todos se puseram a jeito, proferiu uma lição magistral de ciência política e, sem poupar nas palavras, separou muto bem as águas e distinguiu o branco do preto e o importante do acessório.
Também o Dr. Rui Rio, no estilo frontal e genuíno que se lhe reconhece, aproveitou muito bem o tempo de que dispunha para fazer uma radiografia “a três dimensões” do momento dramático que estamos a viver com um diagnóstico oportuno, racional e objetivo da crise inevitável que virá a seguir e das ações a implementar para tentar enfrentá-la com sucesso.
De mais que por lá se disse, para não perder tempo nem gastar tinta e papel, direi apenas que foi o mesmo de sempre, isto é, nada de nada, admirando o mérito de conseguirem falar tanto sem dizerem nada de novo.

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