Virgílio Gomes sonha com um espaço dedicado às artes da cozinha e da mesa em Bragança
O gastrónomo brigantino, Virgílio Gomes, tem o sonho de ver executado em Bragança um projeto sobre as artes da cozinha e da mesa, para expor livros, utensílios e outros objetos ligados à culinária. Seria um espaço único em Portugal, visto que não há ainda museus no país específicos sobre este tema.
Por agora, muitos livros de culinária e outros objetos, como talheres ou miniaturas de loiça, podem ser apreciados na exposição ‘Mulheres na Culinária Portuguesa’, patente no centro cultural Adriano Moreira, em Bragança, que mostra uma parte do acervo do gastrónomo. A mostra está inserida nas atividades da 9ª edição do Festival Literário, que se realizou entre 21 e 24 de maio. “Eu tenho referido que a partir desta exposição podíamos criar um projeto fixo e alargado na cidade de Bragança que reúna as artes da cozinha e da mesa”, explicou Virgílio Gomes que com esta mostra presta uma homenagem às mulheres na culinária portuguesa.
A exposição inclui 81 livros de culinária de várias autoras, muitos dos quais começaram por ser fascículos publicados em jornais e revistas e mais tarde compilados. “Em primeiro lugar é uma homenagem às mulheres que cozinha. É também na sequência de um texto e de uma arguência que eu fiz, sobre a evolução da gastronomia é que é consequência das mulheres nas nossas casas, que foram influenciadas por uma coleção de autoras que nasceram no século XX. O primeiro livro sobre culinária é de uma mulher de Vila Real, uma escritora importante. Está aqui a primeira edição e um estudo que o grémio de Vila Real fez sobre essa mulher”, explicou Virgílio Gomes.
Da mostra fazem parte várias preciosidades, como um livro sobre cozinha francesa escrito por Maria de Lurdes Modesto sob pseudónimo.
Trata-se de uma coleção que Virgílio Gomes reuniu ao longo da sua vida e que define como “séria”. “Há talheres, utensílios de cozinha, terrinas pequenas, pratas francesas, talheres de aparato do século XIX, serviços de ostentação, pois algumas escritoras escreviam sobre coisas mais requintadas. Muitas coisas que as mulheres serviam aprendiam com estas senhoras [escritoras]”, acrescentou.
O gastrónomo estaria disponível para facultar a sua coleção e já tem garantia de outra colecionadora para se juntar ao projeto.