No último dia de cada ano manda a tradição que se façam festas em honra do ano novo pedindo aquilo que, na maioria dos casos, depende de todos e de muito poucos (paz, erradicação da pobreza, saúde e, em geral, felicidade).
Tornou-se um lugar comum dizer que o mundo está perigoso e que o paradigma da desigualdade tem agravado as tensões e a iminência de conflitos de proporções cada vez mais trágicos.
A opinião de ...
Quando um termina e outro começa, é hábito celebrar essa transição, numa perspetiva de mudança, ou recomeço, sendo certo que não se tratará mais do que um simples continuar. A mudança de ano não será, no essencial, mais do que uma mera alteração de calendário. Certamente que mudanças e recomeços, acontecem, até pelas formalidades de novos orçamentos, novas leis, etc. Porém, a vida continua, as pessoas são as mesmas e as relações interativas acabam continuar da mesma forma, acontecendo, simplesmente, do modo como queremos e nos colocamos a “jeito” para que aconteçam.
O nosso Código Civil chegou a uma idade adulta, comemora a linda idade de cinquenta anos e no dizer de muitos juristas está para durar; talvez não seja nada da anormal porquanto o anterior Código Civil, conhecido como o Código de Seabra, teve a longa vida de um século. No reinado de D. Luís, por Carta de Lei de 1 de Julho de 1867, é aprovado o projecto do Código Civil, que depois de publicado viria a entrar em vigor no dia 22 de Março de 1868; Pelo Decreto 19.126 de 16 de Dezembro de 1930 foram alterados cerca de duzentos arigos deste código.
Em Belém do Pará, celebrandro a cultura lusitana em parceria com a Academia Paraense de Letras, Fernando Calado, romanticamente, discorria sobre a suposta passagem de Cervantes por Bragança. Ideia agradável que me aconchegava o ego nordestino. O espírito científico de João Cabrita veio deitar água no fogo duvidando da tese carreada pelo poeta de Milhão. Faltariam provas evidentes a comprová-la, sobrando indícios a contrariá-la. Reconhecendo a validade do argumentário do João, a história contada pelo Fernando é, sem dúvida, a minha preferida.
Antes de mais, BOM 2017, para todas e para todos.
Penso que há razões para termos esperança em 2017. Mesmo que as não houvesse objectivamente, o ideário cristão permite e recomenda termos esperança e fé nos homens. Um cristão vê sempre o lado bom dos homens, mesmo quando generosamente em excesso.
Sai de cena deixando poucas saudades a todos quantos pesam as inquietações referentes ao ano novo acabado de chegar. Os momentos de alegria ocorridos durante os doze meses da sua ossatura contam-se pelos dedos de uma mão (como faziam os meninos na época das ardósias) sobrando dedos pois prevaleceu o desajuste entre o merecido e o conseguido.
Começarei este texto, na época da celebração de uma instituição secular, que exige atenção de quem ainda tenha nascido e criado num ambiente europeu de amor ao seu País e ao seu Povo, e guardado a veneração por conceitos como Pátria, Nação, Fronteiras sagradas, Heróis, Descobridores, como o Clube Militar Naval, e que, quando descurados, ganham debilidade como elos seguros da história legada aos vivos, e guardando a veneração aos mortos, porque a comunidade é de homens e instituições, lembrando um comentário da obra de Roger Crowley, intitulada Conquistadores (2015).
Confesso não gosto da palavra “velho”. Na verdade, nunca gostei. Porém, desde a concepção, ficar menos novo, envelhecer, está inerente à caminhada da vida. E ninguém escapa. A cada segundo que passa, ficamos menos novos…envelhecemos!...
Nun deis las cousas santas als perros nien atireis las buossas perlas als cochinos que las písen cun ls pies i, atacándo-bos, bos zmenúcen.”
S. Mateus, 7, 6
Seria rematada tolice aflorar, mesmo ao de leve, as representações de Natal encerradas na mala escolar da minha memória. Todos quantos fazem o favor de ler os escritos da minha lavra já repararam na secura de algumas colheitas memorialísticas consequência da cesura do tempo, embora procure compensar a prevalência do joio recorrendo a palavras bem-humoradas.
Arremetieron a él, y asiéndole de los cabezones le echaron en el suelo, dándole mil coces, puntapies y mojicones.
Juan de Luna, Segunda parte del Lazarillo de Torme, II parte, XI.
Nesta altura do ano, numa época tão especial quanto sentida, falar ou escrever sobre o Natal, o seu significado, as suas tradições e a inerentes emoções, acaba por constituir uma normalidade numa informalidade instituída.
A palavra NATAL passa, assim, a liderar o ranking das mais utilizadas. Talvez sem a desejável reflexão, sustentada com a “verdadeira” vida, ou seja com a genuína energia do amor, emergente do coração. Banalizar a palavra NATAL, pode conduzir-nos a um desvio reflexivo e a um desleixo sem sentido.
Junto à estátua de Francisco Sá Carneiro, em Viseu, onde foi depositar uma coroa de flores, Pedro Passos Coelho declarou para a imprensa que “a frase de Sá Carneiro de que primeiro vem Portugal e só depois os partidos e cada um de nós, é uma visão que foi decisiva para moldar o comportamento do PSD ao longo destes anos”
O mundo está a ficar perigoso mas a resposta não pode ser nem o proselitismo superficial nem a acção precipitada. Os nossos jornais nacionais estão cheios de artigos salpicados de profecias de apocalipse como se tudo o que é diferente do nosso pensamento seja perigoso, populista, nacionalista, comunista, reacionário.
A questão da igual dignidade das Nações, que não evolucionou articuladamente com a igualdade dos cidadãos mais demorada, também se defrontou com a desigualdade hierárquica das potências, que repetidamente a violou. Durante um longo período da história política, com destaque para a ocidental, o tema da hierarquia das potências era o dominante, com reflexos por exemplo na organização internacional da Europa a que a paz de 1918, com o estatuto da Sociedade das Nações, colocou um ponto final: Império Alemão, Império Austro-húngaro, Império Russo, Império Turco.
La mie lhéngua ye la mie bida (la mie stória).
Adaige de ls índios Tewa.
Sem dúvida alguma que o 25 de Abril avança coxo, com fragilidade no caminhar. Vai longe o sonho, a minha Universidade no querido Porto, lá no topo da Cordoaria, mesmo ao lado dos Clérigos, foi testemunha, escondeu-nos muitas vezes dos atropelos, das investidas, da irracionalidade dum regime moribundo.
O país tem vindo a assistir a um dos mais insólitos episódios político-financeiros com a nomeação do Conselho de Administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD).
O banco público foi, infelizmente, palco de interesses político-partidários que desvirtuaram a essência da sua natureza e fragilizaram a sua capacidade de intervenção como estabilizador do sistema financeiro e garante do suporte estratégico para o desenvolvimento de projetos estruturantes e capazes de ter um efeito indutor na economia portuguesa.
Esclareço que sou, inequivocamente, contra o consumo tabaco. Nada me move contra as pessoas que fumam, cujo vício me custa a entender, mas que respeito. Só que, diga-se, em abono da verdade, os efeitos decorrentes do fumo do tabaco, para além dos malefícios que causam nos consumidores, acabam sempre por causar danos transversais, irreversíveis mesmo àqueles que não fumam, e ao próprio ambiente.