A opinião de ...

O pináculo do jornalismo

Na sequência da emissão de um comentário desfavorável ao treinador Sérgio Conceição por parte de um comentador de futebol, o canal de televisão designado de Porto Canal publicou um artigo no seu site oficial, sem a indicação de qualquer autor ou responsável, onde, entre outras pérolas, exibiu a companheira do referido comentador e foram expostas informações do restaurante de que é proprietária e mais uns quantos dados.
Entre outras dúvidas, as que mais subsistem são porque é que estas informações foram transmitidas e com que fins?
O que se sabe, na sequência deste texto publicado, é que quer o comentador quer a referida senhora foram insultados e até alvo de ameaças de morte tendo as mesmas sido tornadas públicas e conhecidas pelas autoridades de segurança.
Face a este tipo de ocorrência, ainda que todos concordemos que o futebol é, aos dias de hoje, o rei do desporto e que move paixões, demasiadas vezes exacerbadas e irracionais, contrariando exatamente o espírito desportivo, penso também serão muito poucos aqueles que defendem que valerá tudo para ganhar.
Assim, aos adeptos, desde que não ultrapassem certas e determinadas fronteiras do respeito, do fair-play e da dignidade dos adversários – que devem ser vistos não como inimigos – ainda se pode aceitar alguns excessos. Contudo, a um órgão de comunicação social, público e financiado por todos nós, tal considera-se inaceitável.
Entretanto a Redação do Porto Canal demarcou-se do artigo em causa, fazendo publicar uma nota onde diz e cito: “repudiamos o facto de conteúdos que não obedeçam às regras mais básicas do jornalismo serem publicados nos meios informativos que a estrutura azul e branca detém.”
Não será, no mínimo estranho, a redação demarcar-se do conteúdo que o próprio canal difunde? Afinal de contas, quem escreve é quem manda no canal? Estarão, também os trabalhadores deste canal, sob permanente ameaça e coação? Ninguém faz nada?
Pelos vistos, agora os próprios elementos da Redação que estão na origem do comunicado, estão a sofrer represálias...
Por tudo isto, pode questionar-se, entre outras entidades, a própria ERC – Entidade Reguladora da Comunicação Social, pois não realizou, até ao momento, nenhuma ação de modo a cumprir o seu papel de garantir que um canal televisivo, que recebe financiamento público respeite as normas éticas e legais que regulam a comunicação social, permitindo que estas ameaças passem impunes.
Igualmente se pode questionar o CNID – Clube Nacional da Imprensa Desportiva, cujo presidente, Manuel Queiróz, está permanentemente a fazer comentários na TV, nas rádios e jornais e nem uma apreciação fez sobre o assunto.
Mas as questões principais vão para os Municípios que suportam financeiramente este canal televisivo. Que ilações retirarão?
O que é certo, é que na vida como no desporto temos de nos mover por ética.
Se tal não acontecer, um dia destes, mais cedo do que tarde, infelizmente, as coisas podem correr mal no futebol em Portugal

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3924

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