A opinião de ...

2021 - Do endémico regabofe lusitano, ao auto confinamento voluntário e responsável

No comentário sobre a passagem do estado de emergência para o estado de calamidade, publicado no jornal “Mensageiro de Bragança” no dia 14 de maio, do passado ano de 2020, apelei à necessidade inadiável de “manter a coragem, manter a fé em Deus e a esperança de que melhores dias haveriam de chegar” tendo então muito sérias dúvidas de que isso acontecesse tão depressa como realmente aconteceu quando, contrariando todas as espectativas, se deu início à vacinação contra o Covd-19 ainda em dezembro desse mesmo ano.
Felizmente, fruto de um trabalho gigantesco de investigação concertada da ciência moderna e da maneira responsável como a generalidade das pessoas encarou a gravidade da situação, o certo é que foi possível desenvolver em tempo recorde a vacina contra o Covd-19, começar a vacinar as primeiras pessoas e, logo de seguida, a avançar para a vacinação generalizada, tendo como objetivo principal e imediato proteger as pessoas através da imunidade de grupo e, simultaneamente, travar a propagação assustadora desta pandemia, que ameaçava tornar-se incontrolável e de consequências apocalíticas para toda a humanidade.
É mais que evidente que o ritmo de vida estonteante imposto pelas ditas “civilizações modernas”, transformou o dia a dia das nossas vidas num sufoco quase insuportável que, impiedosamente, nos obriga a sobreviver num ritmo nunca antes imaginado que acabou por tomar conta de todo o nosso tempo, não nos deixando tempo para nada, daquele que deveria ser “o nosso tempo”, tempo para parar, tempo para pensar, tempo para sorrir, tempo para amar e, sobretudo, tempo para sermos nós próprios e, como seres humanos, vivermos em liberdade a nossa vida em toda a sua plenitude, em segurança, em liberdade, com qualidade e com dignidade.
Mas, quando nada o fazia prever, para complicar ainda mais as coisas, fomos surpreendidos por esta terrível pandemia que alterou todo o nosso presente e ameaça condicionar o nosso futuro, obrigando a humanidade a repensar o seu futuro comum, cabendo a cada um de nós, urgente, voluntaria e conscientemente assumir a responsabilidade de fazer a parte que nos compete, sem nunca esquecer que:
- A pandemia continua ativa e mantem toda a sua capacidade de, à mínima chance que tenha, se reinventar e voltar mais forte e mais perigosa do que antes, não permitindo a ninguém que, para sua segurança e segurança dos outros, se deixe iludir pela atual aparente acalmia da atividade da pandemia nem pelo ligeiro alívio das restrições agora decretado, e passe a facilitar no cumprimento escrupuloso das medidas de prevenção sobejamente conhecidas por todos.
- A situação continua muito perigosa, (atente-se no que volta a acontecer na Europa) pelo que, das duas únicas hipóteses possíveis, temos a necessidade urgente de decidir se queremos optar por uma atitude colaborante, voluntária e responsável no combate à pandemia ou se, pelo contrário, continuar no endémico e irracional regabofe lusitano do “eu é que sei, seja o que deus quiser, todos à molhada e depois logo se verá”.

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