A opinião de ...

Depois da poeira

Afinal, a Jornada Mundial da Juventude não foi desgraça e o flop que muitos velhos e novos do Restelo apontavam, esperavam e ansiavam.
Como se ouviu muitas vezes dizer, se há algum entidade capaz de organizar um evento destes, é a Igreja Católica. E isso ficou bem demonstrado ao longo da semana passada, com a generalidade de comentadores, participantes, crentes e não crentes e darem nota (muito) positiva ao maior evento que já se realizou no nosso país com concentração de pessoas num único espaço.
O próprio Papa Francisco, pessoa insuspeita, enalteceu a capacidade organizativa portuguesa, numa declaração que, certamente, feriu algumas suscetibilidades.
Mas, mais do que a capacidade organizativa e o facto de um evento que congregou mais de milhão e meio de pessoas no mesmo espaço durante vários dias tenha corrido bem, o que mais impressionou foi a alegria contagiante de jovens e menos jovens que aderiram ao chamamento e participaram neste momento único e, em muitos casos, transformador.
A alegria, correção, desassombro com que jovens de 150 nacionalidades marcaram presença em Lisboa contrasta com o “turismo do álcool”, como vi escrito em vários jornais, em que o país tanto tem apostado.
Afinal, o que têm estes jovens de diferente dos que chegam diariamente em companhias low cost, com comportamentos desordeiros? A mesma fé em Cristo, a mesma forma de estar e encarar a vida, ao serviço e não à espera de um serviço.
Mais do que outro qualquer aspeto, foi este otimismo que se tornou contagiante e promete deixar uma marca na população portuguesa que, em todas as dioceses, contactou com estes peregrinos, seja antes, durante ou depois da JMJ.
Uma marca que deixou sementes e há de dar frutos no futuro, assim as deixem germinar.
Somado a isso, a surpresa causada pelo Papa Francisco e o seu discurso, que só surpreendeu os mais distraídos, aqueles que apenas contactam com o catolicismo em ocasiões esporádicas e nem sempre pelos melhores motivos.
Que esta JMJ tenha sido, de facto, tão inspiradora como as caras alegres dos participantes deixavam transparecer, e que agora prometem ir contagiando, mundo fora, com a alegria da Boa Nova, Cristo Ressuscitado.
Sem medos. Sem vergonhas. Sem preconceitos. Como o amor deve ser.

Edição
3947

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