A opinião de ...

Quarta Epistola de Bragança aos Comunistas

Mas ainda não tinha saído a procissão do adro e já o PCP – o vosso partido – tinha de escolher um santo pra colocar no andor das presidenciais.
Mais uma vez os sumo-sacerdotes e os escribas se reuniram no cenáculo da Soeiro Pereira Gomes e escolheram um Simão de Cirene chamado Edgar Silva. Não para ir no andor! Mas antes para ajudar o vosso profeta Jerónimo a levar a vossa cruz ao calvário das presidenciais.
Ao longo da caminhada até ao calvário viu-se logo que o homem não tinha jeito. Nem prá cruz nem pró andor! Mais parecia um fariseu! Ou um garnisé encristado num capoeiro de galos.
Só que servir a dois senhores não é fácil. E o PCP – o vosso partido- depressa chegou a uma encruzilhada sem saber para que lado  havia de ir. Não podia atacar o governo do Tonho do PS por causa da subida dos impostos e do aumento dos combustíveis. Se o fizesse a noviça Marisa poderia provocar um rombo grande no navio (sem rumo) comandado pelo profeta Jerónimo. E lá se ia a política patriótica e de esquerda do Tonho do PS...
Não podia atacar a noviça Marisa. Se o fizesse estava a ir contra o ditado popular «burro velho erva tenra» e lá se iam mais uns botitos das «caras engraçadinhas» da esquerda e da extrema esquerda.
Estava o vosso profeta entretido com as suas profecias no cenáculo do Hotel Vitória e eis que do «cu de Judas» de Celorico de Basto surge um segundo mago. Como profecia diz que quer ser eleito presidente da República de Portugal logo no dia 24 de Janeiro de 2016 e dispensar o povo de subir ao calvário das presidenciais uma segunda vez, na segunda volta.
Não pede esmola para o peditório da campanha. Não fez cartazes para se mostrar ao povo para se tornar conhecido.
Não tem convidados prá boda.
Não há almoços grátis pra ninguém.
Quem quer ir vai.
E a verdade é que apareceram de todo o lado. Do norte, do centro, do sul, da Madeira e dos Açores e do estrangeiro.
E vieram tantos que Marcelo ganhou as eleições presidenciais em todos os distritos do país. Ganhou em Lisboa aonde o Tonho tinha sido escriba durante 10 anos. Ganhou em Setúbal aonde pontifica a D. Odete e o PCP governa a respetiva Câmara. Ganhou em Beja. Ganhou em Évora. Marcelo conseguiu aquilo que o primeiro mago não tinha conseguido 20 anos antes.
E agora?
Agora estais sem rei, nem roca, nem fuso!
A manela de lã que o povo tem nas suas mãos precisa de ser fiada.
Mas pelo que estou a ver não será a vossa roca e o vosso fuso a fiá-la. Os vossos dedos são grossos de mais para o poder fazer como o povo gosta.
Agora tendes de descobrir uma «cara engraçadinha» que consiga convencer os novos e os velhos de que o povo tem razão quando diz «se o velho pudesse e o novo soubesse não havia nada que não se fizesse».
Agora tendes de ajudar o Tonho a levar a cruz (do povo) ao calvário das esquerdas. E tendes de explicar ao povo como é possível que estando o petróleo (dos capitalistas) a baixar o governo do Tonho aumente seis (6) cêntimos a gasolina e o gasóleo? E explicar ao povo que agora são os ricos e a banca a pagar mais e o governo que vós apoiais só vai buscar à banca 50 milhões em impostos? E explicar aos operários e aos trabalhadores que, afinal, as 35 horas de trabalho são só pra alguns!
Eu, pessoalmente, estou de acordo com 2 impostos do vosso governo e do Tonho do PS: o aumento dos combustíveis e o aumento sobre os automóveis. De facto, estes dois impostos da «troika de esquerda» são politicamente juntos. É que o povo não tem dinheiro para comprar carros e, por isso, não é afetado pelo aumento dos combustíveis.
Finalmente o governo da «troika de esquerda» vai aumentar os impostos aos ricos, à banca e aos grandes grupos económicos e poupar o povo que vai seguir os conselhos do Tonho: andem mais de transportes públicos para que os sindicatos do PCP convoquem mais greves e o governo possa transferir mais milhões para as respectivas empresas públicas; fumem menos e deixem-se de vícios burgueses.
Eu reconheço que a vida não está fácil para o PCP – o vosso partido.
Diz o povo que «cautelas e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém».
O governo da «troika de esquerda» veio na pior altura do ano.
Diz o povo «do cerejo ó castanho bem mou amanho do castanho ò cerejo mal mou bejo»
Pois é, o vosso governo veio no tempo do castanho ó cerejo.
Outra baca no milho.

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