A opinião de ...

Duas Notas Sobre o Inimigo Invisível

1- Confrontados com esta ameaça “sem precedentes”, porventura a mais cruel e impiedosa de que há memória - ao ponto de, entre outras coisas inimagináveis, sermos privado de prestar a última homenagem àqueles que mais amamos -, todos nós, uns em confinamento obrigatório, outros a trabalhar para que nada falte aos primeiros, temos sido, conscientes do quão frágil é o ser humano, várias vezes assaltados pela dúvida que se impõe: quando tudo isto acabar, como vai ser?. Será que vamos aprender com os erros?
Os mais românticos, aqueles que pensam que “estas coisas” são um aviso/castigo do Cosmos, da Natureza, estão convencidos que, quando isto terminar, tudo vai mudar, como se a nossa personalidade começasse do zero.
Desengane-se quem assim pensa.
Porque os maus vão continuar a ser maus.
Porque os desonestos vão continuar a sê-lo.
Porque os gananciosos e os agiotas nunca mudam.
Porque os ingratos continuarão a ser ingratos.
Porque os egoístas, a quem dói um dente, irão pensar sempre que estão pior do que o vizinho a quem foi diagnosticado uma doença terminal.
Porque os materialistas, para quem o TER é mais importante que o SER, sem nunca terem dado valor às coisas boas da vida, trilharão sempre o mesmo caminho.
Porque os arrogantes e os orgulhosos, que julgam saber tudo, mesmo que errando, nunca pedirão desculpa ou darão o braço a torcer.
Porque os emocionalmente desprendidos, os corações de pedra, jamais se irão comover com o sofrimento alheio.
Porque quem nunca teve respeito pelo ambiente, não deixará de perder o hábito de deitar o maço de tabaco ou o pacote de batatas fritas para a via pública.
Porque quem estaciona em cima dos passeios e das passadeiras, fá-lo-á sempre.
Enfim, salvo honrosas excepções, para o bem e para o mal, continuaremos a ser irremediável e implacavelmente “reféns” do nosso código genético.

2- Durante esta pandemia, os portugueses não têm poupado elogios aos seus heróis, aos que se mantêm na linha da frente: profissionais de saúde, com destaque para os médicos e enfermeiros, bombeiros, protecção civil, agentes económicos que tudo têm feito para não faltarem os bens de primeira necessidade, as forças armadas e de segurança, os autarcas, as IPSS, etc. Todos eles têm sido os grandes e incansáveis heróis desta Nação Valente.
Pois, o “milagre português”, devido à Nobre Gente, não seria possível, na minha e na opinião de muitos, mesmo dos mais insuspeitos, sem a voz de comando d’um Forte Rei. António Costa, que tem tido a preciosa ajuda do Marcelo Rebelo de Sousa e de Rui Rio - duas pessoas a quem compraria um carro em segunda mão -, é o grande obreiro desta caminhada “vitoriosa”.
Na maior e mais delicada crise do nosso país, desde o 25 de Abril, o Primeiro-Ministro tem demonstrado ser um grande estratega, estando à altura das circunstâncias. Ponderado, cauteloso e frio quanto baste para lidar com a situação, tem dado a cara, desdobra-se em entrevistas, aconselhando-se com quem mais sabe da matéria. Sem surpresas, António Costa é o verdadeiro homem do leme. Bem preparado para dar respostas a quem delas precisa, fala com propriedade das mais diversas áreas da governação.
Se nada mais houver a retirar desta desagradável e traumática experiência, que fique a certeza de que, apesar dos muitos defeitos, somos um povo admirável.

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