A opinião de ...

A Igreja Católica

Cada vez mais me tenho apercebido de que, recentemente, vem sido divulgada uma persistente crítica à Igreja Católica.
Esta crítica tem abordado factos considerados escandalosos, alegadamente passados no seio da Igreja, motivados por atos, dissensões e intrigas.
Embora isto me pareça demais, não deixo de aceitar que, quem assim procede lá terá as suas razões, resultantes de uma boa, deficiente ou má informação; ou resultantes de uma investigação feita ou não com o rigor que a mesma exige.
No entanto, qualquer assunto que, ligado à Igreja Católica, tenha gerado conflitos e obscuros enredos, com, aparentemente, inexplicáveis contornos, torna-se vasto; e vasto será o público que lhe é afeto.
O facto da Igreja Católica ser alvo de tal exposição e crítica, entender-se-á possível pelo enorme poder de compreensão e de perdão por ela revelados, além de um percetível alheamento â divulgação de inconsistentes querelas. Isto não quer dizer que ficará indiferente a fortes críticas que lhe são feitas, sejam justas ou injustas. Quando são justas, procurará, como o tem feito, emendar, com humildade, o que está mal - e já pediu perdão por erros por si assumidos, que aconteceram ao longo da sua milenar existência. Quando se mostram ser injustas, a sua reação nunca se revela impulsiva, e muito menos de forma condenatória, procurando a clareza das coisas pelo diálogo e, quantas vezes, pelo exemplo!
Sendo a Igreja Católica uma instituição universal, que procura levar e defender a Palavra de Deus a todo o Povo, enquanto, através das suas obras de beneficência, contribui para o acolhimento e o bem-estar do mesmo Povo, não pode deixar de estar sob a mira do fogo da crítica.
Contudo, mesmo sujeita a este fogo, cada vez mais os seus valores lhe são caros e mais e mais aumentam, procurando insistentemente dá-los a conhecer e ajudar a pô-los em prática, fortalecida pela constante fé e coragem com que enfrenta os perigos e sabe solucioná-los.
Um dos valores é a partilha do bem - o bem e a dádiva - que leva a aceitar toda a gente como irmãos e a todos oferece ajuda e proteção, cuida das feridas, leva a paz, acolhe e serve, embora a ninguém exija contrapartidas; a não ser as de querer que todos se identifiquem com um campo de sementeira, onde aquele bem tenha oportunidade de crescer e dar frutos, para que também possam ser partilhados com o próximo.
Outro dos valores da Igreja Católica de que me é caro falar é o da verdade. Falar verdade nem sempre é fácil, tanto mais que Pilatos, durante o interrogatório, (João, 18, 38), depois de perguntar a Jesus o que era a verdade, d’Ele não obteve qualquer resposta.
Será que esta falta de resposta se justifica? Jesus, decerto, a sabia; mas, talvez perante algum escondido cinismo a acompanhar a pergunta, ou tentativa de, mais uma vez, ser posto à prova, preferiu ficar calado.
Ainda assim, para responder-lhe, muito provavelmente teria de desenvolver uma grande dissertação, que levaria muito tempo a explicar a quem tinha muita pressa em satisfazer o desejo da multidão ululante que, na presença de Jesus, pedia para, pela crucificação, O levar à morte - levar à morte o “Rei dos Judeus”!
Por outro lado, de que serve explicar o que é a verdade àqueles para quem só a verdade deles é a verdadeira?

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