A opinião de ...

Esforço de Guerra

Na sua recente mensagem, o Presidente da República, usou, várias vezes, a palavra guerra, para caracterizar a situação em que estamos mergulhados. Houve quem viesse logo criticá-lo por entender o termo desadequado. Não acho. É efetivamente uma guerra, esta que travamos com um inimigo poderoso, numeroso e traiçoeiro. Uma guerra em que, de nada nos valem os enormíssimos desenvolvimentos tecnológicos feitos ao longo dos tempos pois de nada nos valem os mísseis, drones, aviões, porta-aviões ou carros blindados. A força deste inimigo silencioso, sorrateiro e oportunista é tal que nos obriga a usar as armas impostas por si remetendo-nos para estratégias medievais como o refúgio caseiro, o isolamento urbano e o encerramento das pontes levadiças das nossas cidades, vilas e aldeias.
A forma insidiosa como o invasor se imiscui nas nossas fileiras e a estratégia de guerrilha usada estabeleceu uma frente de guerra total sem limites, nem fronteiras, nem delimitações geográficas. Na frente de batalha estão os guerreiros, com as suas armas biológicas, elmos asséticos, cotas esterilizadas e armaduras sanitárias, do Serviço Nacional de Saúde, não dispensando o empenham da retaguarda onde estamos todos.
O que nos é pedido, sendo simples, nem sempre é fácil e é, seguramente, muito importante. Ficar em segurança, evitar todos os contágios e manter a serenidade. É importante não dar qualquer ajuda a este inimigo já de si poderoso e letal.
Todos são convocados para este esforço de guerra.
Nos conflitos bélicos, não há meios termos, não indiferenciados, não há zonas neutras. Ou se está de um lado ou se está do outro. Por isso mesmo é crucial que estejamos todos a engrossar, reforçar e fortalecer a grande frente de batalha já em ação. Ora, notícias falsas, comentários catastrofistas, açambarcamentos e mensagens pessimistas e negativas, em nada contribuem para o auxílio necessário. Se não contribuem, são dispensáveis. Depois de anulado o coronavírus há de haver tempo para “denunciar” todas as falhas involuntárias, as previsões falhadas e os controlos defeituosos. Não entendo a “necessidade” de estar a esmiuçar todas as carências próprias, todas as imperfeições, todos os lapsos. O que levará alguém que chegou ao aeroporto e não foi controlado “devidamente” a vir denunciar essa lacuna? Se se sente doente, não deve procurar os meios de comunicação para se indignar... deve é procurar quem o trate. Se veio de uma zona duvidosa deve colocar-se já em quarentena. Se tem a certeza que está bem e sem qualquer risco, não deve atrair a atenção sobre si.
Quando Deu-la-deu Martins atirou os últimos pães pelas muralhas de Monção, não só desmoralizou o inimigo como fortaleceu o ânimo dos seus seguidores que, abatidos já desfaleciam e descriam.
É com mulheres assim que se ganham as guerras.
Tenho a certeza que todos os decisores estão a fazer o melhor, por todos nós que é, igualmente, por eles, pois não há, neste caso, ilhas, nem muralhas nem bunkers onde se possam refugiar. Cabe-lhes ouvir os especialistas, suportar os agentes de saúde e comandar as forças de segurança.
Aos outros, a TODOS, cabe apoiar.

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