A opinião de ...

Rosnadelas

Os leitores façam o favor de desculpar o «disparatado» título desta crónica longe do cânone da educação recebida em casa e na Escola Primária da Estação debaixo dos auspícios da saudosa Mestra Dona Aninhas Castro. O recurso aos sons guturais caninos é consequência da recente troca de mimos de talante carroceiro, embora nada tenha a apontar linguagem descalabrada aos profissionais da carroça e raça equina estacionados no Largo da Estação dos comboios sufocados há anos, ora propagandeados através do ministro façanhudo das infra-estruturas prometendo o seu regresso numa manhã de nevoeiro, para as bandas de Bragança chamado cenceno.

A recente entrevista de António na qual zupa em Rui Rio ao modo dos malhadores de centeio e trigo nas eiras de Bragança e Vinhais até a palha vomitar o grão, revela a costela raivosa de um Costa cercado por problemas, por pitonisas, a lembrarem-lhe, a chaga purulenta de Odemira a segregar baba de doenças provenientes de doenças, de vírus covid-19, de exploração até ao tutano de ossos humanos descarnados, de miséria moral e miséria social, o desprezo a que milhares de trabalhadores têm sido votados porque desprovidos de cartão sindical, descarregando a Ira (sobre ela escreveu o Pai de Costa) na forma como apelidou Rui Rio que optou por responder ao modo dos meninos bem-educados nos Colégios onde se aprende a paciência de saber esperar o modo azado de atacar, deixando no ar «rosnadelas» que na linguagem popular vicentina: os cães grandes nunca se mordem uns aos outros, deixando o lamber de feridas para os mais fracos e sem aliados de tomo.

Claro, o ajuste de contas vai surgir quando chegar a hora propícia (veja-se o resultado eleitoral da Senhora do PP na Comunidade de Madrid), se assim não acontecer a pitonisa laranja terá dormido mal, terá fixado a atenção no passado escondido e, Rui Rio passa à história qual Sebastião desaparecido na madrugada friorenta que nenhuma capa ocultará o efeito do referido cenceno, como o sebastianismo feneceu mal o sol brilhou no horizonte.

Nós temos de possuir memória, as certezas da consciência tranquila desvanecem-se ao longo do gastar dos anos, importa resistir, resistir até ao desfecho final. As rosnadelas ficam para os mastins de grande porte.

PS. Texto escrito no dia 05 de Maio de 2021

Edição
3832

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