A opinião de ...

À procura de consolo

O universo civilizacional do Ocidente se desde há anos sofria o rancor dos povos anteriormente colonizados que os levava e leva a propósitos de vingança sobre os descendentes de colonizadores que devem ser entendidos à luz da sua época sem desculpas e ambiguidades relativamente aos seus processos de entendimento de outros povos, além de existir possibilidade de apagar a obra do homem branco debaixo de todos os aspectos, a irrupção da pandemia acentuou as disparidades que provam a decadência do Ocidente.
Pululam os inquietantes sinais de policiamento das linguagens (Camile Plaglia adverte para o perigo), irrompem os fundamentalismos e as ortodoxias, voltam à crista da onda os ovos de serpente (ingmar Bergam deixou-nos uma parábola fílmica) como se anormalidade do ou és por mim ou és contra mim, a que a pandemia robusteceu via persistentes dúvidas acerca do modo eficaz de a domesticarmos como outros vírus o foram, tais incertezas originam berrarias nas televisões na justa medida de os berradores serem especialistas disto e daquilo cujos conhecimentos são ditos em português de partir pedras e estrangeirismos reluzentes dos botões dos casacos, levando muitos dos que ouvem e vêm a fugirem espavoridos. E, que sobra?
Sobram o devir escorado na ancestralidade dos saberes e das marcas da nossa civilização em risco. O sufoco económico não é maior devido à solidariedade, do entreajuda, ainda do princípio da mão esquerda não saber quanto a mão direita regalou aos humilhados, ofendidos e, subitamente, caídos no caldeirão dos famintos de tudo. Seria muito pior se as igrejas não minorassem as tremendas carências, onde a Igreja Católica é instituição instrumental no apoio a todos – crentes e não crentes – num registo abrangente das Bem-Aventuranças.
O Deus-Menino continua e continuará a ser um formidável Farol de luz para os Homens e Mulheres de boa vontade, sendo assim, e é, vale-nos Fé, a Esperança e a Caridade a fim de retomarmos o caminho (porque como escreveu o poeta castelhano António Machado) faz-se caminhando.
Boas Festas. Votos de bornal recheado de prosperidades.
PS. O proprietário do restaurante Ramiro (Rio de Moinhos, Abrantes) ofereceu-me uma garrafa de vinho tinto Quinta de Sobreiró de Cima. E bom volume, fruto de três prestigiadas castas, agradou-me a sua rusticidade vigorosa num bom enlace entre a fruta madura com taninos ácidos bem domesticados e o fundo mineral xistoso. Agradável e animoso.
O preclaro padre Firmino Martins em Folclore Vinhaense, escreveu: Vinho dos Alvaredos/Rabas de Soeira/Trigo de Paçá/Castanhas de Sobreiró. Os Alvaredos não ficam longe!

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