Vimioso e Vinhais tem dos piores índices de poder de compra do país
Os concelhos de Vimioso e Vinhais, estão entre os que têm o pior poder de compra do país, o primeiro com 63,8 e o segundo com 64,3, menos de metade que de Lisboa, que anda pelos 181,4 e abaixo da média nacional que se ficou pelos 100.
Os dados avançados na semana passada pelo Jornal de Notícias.
O autarca de Vimioso, António Santos, considera as reformas baixas da população idosa e a falta de investimento público, para incentivar a fixação de jovens e de empresas, problemas responsáveis pelo fraco poder de compra do concelho.
“Esses dados são alarmantes e preocupantes. A falta de investimento da Administração Central no concelho por forma a que haja criação de riqueza, de postos de trabalho e para criar condições destinadas ao investimento privado”, explicou António Santos sublinhando que “só com investimento se pode viabilizar o território e criar riqueza, para melhorar o poder de compra”.
Segundo o presidente da câmara “o concelho vive à custa do dinheiro que vem do Centro Nacional de Pensões ou da Segurança Social, é óbvio que o poder de compra é baixo”, acrescentado que “sem gente não se criar riqueza neste concelho despovoado”.
É dos mais elevados do país o índice de envelhecimento do concelho de Vimioso, que se cifra em 447,2 idosos por cada 100 jovens. “A população mais idosa destes territórios do interior vive, sobretudo, de pequenas pensões. Estas ainda não são o que se deseja porque alguém que recebe uma reforma de 400 euros não pode ter poder de compra”, afirmou o autarca salientando que o município “faz o que pode e vai além das possibilidades”, com apoios sociais para a natalidade, bolsas de estudo, transportes, pagamento de propinas, criamos um gabinete de apoio ao emprego e ao investimento. “Não se fazem milagres. Atribuímos cinco mil euros por cada posto de trabalho criado nas empresas. Não sei que mais poderemos fazer”, lamentou António Santos.
O autarca de Vinhais, Luís Fernandes, pediu investimento na região, em infraestruturas, como as estradas de ligação Bragança-Vinhais e Bragança-Vimioso, para evitar este tipo de resultado.
Até e, até da cor, tenho a ver com aquilo que eu falei na minha intervenção. Infelizmente, Portugal continua a ser um país em que décadas após décadas não conseguimos ainda ultrapassar esse problema estrutural, que é a litoralização do desenvolvimento. É um resultado que não foi querido.
Questionado sobre este assunto pelo Mensageiro, o ministro dos Assuntos Parlamentares, Carlos Abreu Amorim, disse que durante décadas “não houve nenhuma política que quisesse de alguma forma, fazer com que o Litoral fosse substancialmente mais desenvolvido do que o Interior, mas agora sim é preciso política para inverter essa lógica designadamente no que respeita ao Interior”, explicou durante uma visita à Rural Castanea-Feira da Castanha de Vinhais na passada sexta-feira. “É exatamente isso que nós estamos a fazer , sobretudo, com o seu Ministério da Coesão Territorial e o seu ministro Castro Almeida, que é muito sensível a este problema e que tem é nas suas mãos essa tarefa que eu direi ciclópica, de inverter esta linha de rumo”.
O governante acrescentou que o problema se verifica na democracia, embora se calhar, até já venha de trás. “A ideia de que o Litoral tem vários polos de desenvolvimento e o Interior fica cada vez mais abandonado. Nós não acreditamos nessa lógica de desenvolvimento. Nós queremos que o desenvolvimento seja homogéneo”.
