Aldeia da Cardanha teima em manter viva a tradição do Entrudo Lagarto
Os festejos do Entrudo Lagarto regressaram em força à aldeia da Cardanha, no concelho de Torre de Moncorvo, sendo uma tradição que se pretende renovar, ocupando já um lugar de destaque em tempo de carnaval por terras do Douro Superior.
Trata-se de uma tradição carnavalesca que foi recentemente recuperada por uma associação local. Apesar de um fim de tarde frio, muitos foram aqueles que rumaram à Cardanha para assistir às “Deixas dos Burros”, jogo do cântaro e emblemática queima do “Entrudo Lagarto”.
“Este Entrudo surge da vontade de renovar a tradição e reavivar a identidade local. Associando o genuíno, o novo ao antigo, nasce a necessidade de conferir à festa do Entrudo, à Máscara e ao Traje um aspeto diferente, inovador, moderno, contudo com afloramentos de reminiscências do passado”, explicou ao Mensageiro, Paula Valente, uma das mentoras desta iniciativa.
Um dos destaques deste evento é a tradição das “Deixas do Burro”. Durante esta passagem, o Entrudo é simbolizado por um burro, que depois de morto, o seu corpo e pertences são distribuídos pelos seus herdeiros, ou seja, pelas raparigas da aldeia, pondo a descoberto alguns dos seus segredos. Em seguida ocorre o “Jogo do Cântaro”, onde os participantes formam uma roda e o cântaro é lançado entre eles até que, por fim, cai ao chão e se parte.”
A Queima do Entrudo, do Diabo Lagarto, é o ponto alto tratando-se de um ritual sagrado em que uma imagem gigante adornada com giestas, vestida a rigor e uma máscara demoníaca é queimada, significando a punição dos pecados, a expurgação e purificação da comunidade.
“Atuando na reinvenção cultural e na reimaginação, o “Entrudo Largarto” pretende retomar ao passado, porém numa tentativa de negociar com o presente, nunca perdendo a sua identidade nesta constante recriação. Assim, o diabo da atualidade que vai queimar no sábado que antecede ao domingo gordo também é revestido por giestas para encarnar o espírito da vegetação, a vegetação que morre no inverno e renasce na primeira, como outrora se fazia”, explicou