Editorial - António Gonçalves Rodrigues

A água, o capote e as sacudidelas

O caso envolvendo a nova (e, passado um dia, antiga) Secretária de Estado da Agricultura, deu ao Primeiro-Ministro a ideia peregrina de criar uma entidade, mais uma, que ficaria responsável por afzer o crivo das nomeações para o Governo.
O Presidente Marcelo, vendo, aqui, uma tentativa de o nosso Primeiro sacudir a água do capote, rapidamente chutou a medida para canto.


Sinais do novo ano

O ano de 2022 terminou com a sensação de grande trapalhada no Governo, o primeiro de maioria absoluta de António Costa, com as saídas de Secretários de Estado e do Ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos.
Em todo o processo, ficou a ideia de que vários governantes meteram os pés pelas mãos, sobretudo ao convidar para Secretária de Estado do Tesouro Alexandra Reis sem perceber a forma como tinha deixado a TAP, uma empresa controlada pelo Estado, apenas alguns meses antes.
Se sabiam como Alexandra Reis tinha saído da TAP, o caso ultrapassa a questão de incompetência.


A ditadura do politicamente correto

Por estes dias, saltou-me à vista a notícia de que a Federação Internacional do Automóvel aprovou um regulamento que visa impedir os pilotos de Fórmula 1 de emitirem opiniões políticas. Assim como quem coloca um garrote nas liberdades que foram sendo conquistadas a pulso, ao longo de anos.
Neste caso, é uma regra objetiva, que impede cidadãos de emitirem as suas opiniões de forma pública, mesmo que não estejam relacionadas com a atividade em si (neste caso, o desporto automóvel).


Copo partido

Na semana passada, e após várias tentativas, a maioria dos deputados portugueses na Assembleia da República aprovaram a lei que despenaliza a morte assistida.
Sem novo referendo e depois de várias chamadas de atenção do próprio Presidente da República e do Tribunal Constitucional, que fez o projeto voltar atrás várias vezes.
Contudo, a teimosia persistiu e a lei foi mesmo aprovada, sem que tenha havido a necessária discussão, reflexão e consulta popular.


Nordeste Transmontano a caminho da extinção

O habitante do Nordeste Transmontano (que corresponde ao território do distrito de Bragança, com os seus 12 concelhos), caminha a passos largos para a extinção. Pelo menos, os que ainda por cá vivem, em cativeiro.
Os censos realizados no ano passado (2021) apontam para uma redução da população face a 2011, ano em que se tinham realizado os anteriores censos, na ordem dos dez por cento. São 122.833 pessoas agora quando, há dez anos, eram 136.252 habitantes.
É uma perda de um por cento por ano.
Mas o susto é maior quando olhamos para lá do horizonte imediato.


As boas medidas e os efeitos perniciosos

Tem sido notícia desde a semana passada (tal como o foi aqui no Mensageiro), a proposta de arranque de uma regionalização encapotada por parte do Governo de António Costa, através da transferência de atribuições das entidades regionais do Estado para as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (as CCDRs), que passam a ser uma espécie de governos regionais, sem o serem.


Incongruências

Ainda está bem patente na memória dos brigantinos aquela noite em que, no governo de Cavaco Silva, as carruagens do comboio que servia o Nordeste Transmontanos foram carregadas e levadas a coberto da escuridão.
Durante anos, a aposta nacional foi no alcatrão das autoestradas, pondo de lado qualquer outra forma de mobilidade.
Enquanto isso, aqui ao lado, Espanha apostava nas duas, autoestradas e comboios.
Agora, volvidas décadas, Portugal, de repente, parece ter acordado e os projetos ferroviários parecem brotar como cogumelos.


Arriscar

Segundo noticiou a Agência Ecclesia, o Papa esteve reunido, sábado, com os membros do Dicastério para a Comunicação, e indicou que a comunicação é um “movimento criativo” e pediu que arrisquem “com os valores cristãos”.
“O comunicador deve sempre arriscar! Comunicação é movimento criativo e com os nossos valores! Não é rezar a novena, mas os valores cristãos! Arriscar com valores cristãos”, disse o Papa no seu discurso divulgado pela Santa Sé.


Futuro começa a definir-se

As eleições para a Federação Distrital do Partido Socialista, que aconteceram na passada sexta-feira, vieram ajudar a clarificar aquilo que será o futuro da região no futuro a médio prazo.
Mais do que a vitória de Berta Nunes, num dos mais participados atos eleitorais entre as hostes socialistas na região, foi a porta que se abriu, nessa mesma noite, a uma eventual candidatura de Sobrinho Teixeira à Câmara de Bragança.


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