Editorial - António Gonçalves Rodrigues

Querem deixar o Interior sem voz

Há decisões que passam despercebidas nos corredores de Lisboa, mas que fazem tremer terras inteiras deste lado da raia. O anúncio do fim da distribuição de jornais pela VASP em vários distritos do Interior, entre eles Bragança, é uma dessas decisões silenciosas que, no entanto, gritam. Gritam pela ausência, pela invisibilidade a que votam os territórios que teimam em existir longe dos grandes centros.


O problema da água

A água é um problema cada vez maior. Sobretudo, a falta dela.
No início de agosto de 2025, mais de 51% dos solos na Europa e na bacia do Mediterrâneo estavam afetados, com 7,8% em estado de alarme e 38,7% em alerta.
Os registos satélite mostram que a percentagem de água no solo é cada vez menor nos países do sul da Europa, de Portugal à Turquia. Basicamente, o deserto está a avançar para norte e Portugal está no meio do caminho.
Os períodos de seca são cada vez mais prolongados, as temperaturas cada vez mais altas.


Feridas que ardem sem se ver...

Um mês e meio se passou desde a realização das eleições autárquicas e do autêntico terramoto político que se abateu sobre o PSD de Bragança.
Os efeitos do embate ainda hoje se fazem sentir em réplicas como a verificada na mais recente reunião da Assembleia de Secção Concelhia, no sábado, e que desenterraram mesmo algumas recordações do fundo do baú.
Outrora aliados, Hernâni Dias e Jorge Nunes estão, agora, em lados opostos da barricada e trocam acusações sobre as responsabilidades de cada um no resultado eleitoral.


Trocas democráticas

Os últimos dias foram pródigos em trocas, com acusações de vira-casacas.
Isto porque um elemento da lista do Partido Socialista (aliás, o número dois) se incompatibilizou com a líder e acabou por passar à condição de independente, tal como o Mensageiro tinha revelado em primeira mão logo na semana seguinte às eleições.
Esse movimento, que a lei autárquica prevê, ameaçou minar a maioria histórica conquistada por Isabel Ferreira.


O primeiro dia...

Dezanove dias depois das eleições autárquicas, esta sexta-feira é o primeiro dia do resto da vida do Município de Bragança.
A votação expressiva em Isabel Ferreira originou uma mudança de ciclo 28 anos depois de o PSD ter conquistado a Câmara ao PS de Luís Mina.
Em quase três décadas muita coisa mudou.
Mas, à ideia, vem a música de Sérgio Godinho:
A princípio é simples, anda-se sozinho
Passa-se nas ruas bem devagarinho
Está-se bem no silêncio e no burburinho
Bebe-se as certezas num copo de vinho
E vem-nos à memória uma frase batida


Os sacos estão cheios de violas

As eleições de domingo provocaram um autêntico terramoto político na capital de distrito. A vitória de Isabel Ferreira (foi claramente uma vitória mais da candidata do que do partido que a apoiou) estilhaçou uma série de mitos urbanos construídos ao longo dos últimos anos e obrigou muitas violas a regressarem ao saco (a minha incluída).


Por um voto se ganha, por um voto se perde

O povo é sábio em tudo o que diz. E, no que toca a eleições, o povo diz há muito tempo que “por um voto se ganha, por um voto se perde”.
Por isso, todos os votos contam.
Este domingo, somos chamados a ir às urnas votar nas eleições autárquicas, que vão decidir quem governa as nossas freguesias, as Câmaras Municipais dos nossos concelhos e quem nos representa nas assembleias municipais.
Muitos lutaram antes de nós para que o maior número de pessoas pudesse expressar-se em urna, de forma livre.


A armadilha da crítica fácil

Já o tinha escrito aqui que o período eleitoral, sobretudo autárquico, é fértil em mexer com a emotividade das pessoas, toldando-lhes, muitas vezes, o raciocínio. Sobretudo aquelas que são candidatas a cargos públicos tendem a exacerbar perceções, tornando fácil ver os argueiros nos olhos dos outros sem conseguir enxergar as traves que pululam nos olhos próprios.
Há exatamente uma semana, o Mensageiro de Bragança publicou uma série de artigos de opinião das várias candidaturas à Câmara da capital de distrito.


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