A opinião de ...

Direitos e obrigações

Cada um tem o direito de beneficiar dos seus direitos; mas não pode esquecer-se de que, igualmente, tem a obrigação de cumprir as suas obrigações.
Na situação epidémica em que nos encontramos, e cada vez mais se torna avassaladora e assassina, todos os profissionais de saúde e os assistentes que lhes dão apoio, embora com perigo das suas vidas e as dos seus familiares, se têm preocupado em combater esta grave doença. Contudo, esses profissionais encontram-se esgotados, extenuados e muitos deles também doentes com o mesmo mal a que fazem frente. Além disso, já quase todos os hospitais se encontram em situação de rotura, de tal maneira que não têm podido receber mais doentes, com a brevidade necessária e em condições dignas.
Vimos algumas ambulâncias, junto de urgências hospitalares, à espera de vez para que os doentes que transportam sejam atendidos. E, para que o sejam, têm que esperar várias horas – o que é incompreensível! – já que, nas atuais circunstâncias, a isso se vêm obrigadas. Isto leva a que tanto os doentes como os profissionais que nelas se fazem transportar tenham de conter tanto o desalento como a crescente ansiedade que lhes advém da hora a que o atendimento irá ter lugar.
Vimos ainda dirigentes responsáveis pela saúde dos cidadãos a fazer desesperados apelos para que estes se comportem de acordo com as orientações que lhes são dadas pela DGS.
Por outro lado, para poder atender-se às vítimas da epidemia, carece, por vezes, a devida atenção a doentes portadores de outras doenças também graves.
Assim, facilmente se pode verificar que há cidadãos que se encontram a beneficiar dos seus direitos – alguns doentes; e há cidadãos que se obrigam a cumprir as suas obrigações, embora em circunstâncias inenarráveis – os profissionais da saúde. Mas ninguém pode esquecer-se de que os profissionais da saúde também têm os seus direitos.
Sendo assim, existe aqui uma equação a que falta encontrar uma incógnita!
Vamos, então, tentar recordar os direitos que são devidos aos que lutam pela nossa saúde. Eu acho que não podem deixar de ter direito ao nosso apoio, preito e reconhecimento, enquanto lhes são devidos, tanto as remunerações condignas e prémios a que fazem jus, como as condições adequadas ao bom desenvolvimento do seu trabalho.
E mais. Não hesito em afirmar que merecem também o cumprimento das nossas obrigações, sobretudo as que se traduzem em aceitar e por em prática as recomendações que nos são dirigidas, sobretudo em situação de emergência, que aqui me permito relembrar: mantermo-nos em casa, saindo apenas para necessidades inadiáveis de curta duração, usarmos sempre a máscara, restringirmos as viagens ao mínimo possível, obedecendo, sem argumentar, aos também sacrificados agentes de segurança, evitarmos grandes ajuntamentos, não participarmos em convívios, seja de que natureza for… e, acima de tudo, aguardarmos com paciência e esperança, que este mal, em breve seja vencido.
Finalmente, não posso deixar passar esta oportunidade, sem ter uma palavra para com o problema das vacinas. É que, neste caso, tendo existido um tempo de ansiedade e de persistente procura, logo que foram desenvolvidas e tornadas eficazes, se depararam com a polémica instalada, sob os mais diversificados argumentos, quanto a prioridades de aplicação – o que me parece deveras tanto surreal como inexplicável!

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3818

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