A opinião de ...

A Igreja, Sim também

Escutamos, algumas pessoas, no que concerne à sua atitude religiosa, de base cristã, referirem-se que acreditam em Jesus Cristo, mas que na Igreja não.

Ainda que pareça corresponder a uma necessidade humana profunda e inata de religião e até de releitura de vida e de religação com o transcendente como fonte de sentido existencial, esta atitude não atende ao que é ser-se cristão na sua plenitude.

Tal ideia, se genuína, evocará uma aproximação de vontade a Jesus Cristo, mas traduz, não raras vezes, na realidade mais profunda, um não à Igreja.

Um não como de reprovação pelo que a Igreja é, faz, faz mal, deixa de fazer, faz incompleto, faz só às vezes, quem faz, porque faz, quem devia fazer, etc..

Um não de crítica aos que dela se empenham em ser integrantes e participantes ainda que pecadores, frágeis, fracos e limitados em tantas palavras, gestos e omissões como que esquecendo que o próprio Cristo escandalizou a muitos por se sentar a comer com pecadores e prostitutas!

Um não que até se escuda em frases que são citadas, em parte e não no todo e da sua integralidade não se retira ilações pessoais como as do Papa Francisco, quando no dia 02 de janeiro de 2019 disse “que é preferível viver como ateu do que ir todos os dias à igreja e passar a vida a odiar e a criticar os outros”, mas onde acrescentou “se vais à Igreja, então vive como filho, como irmão, dá um verdadeiro exemplo”!

Ora, ser cristão não é só acreditar em Cristo, é seguir Cristo e viver à maneira de Cristo.

Aqueles que procuram viver de forma séria e comprometida, sentem-se que não estão imunes ao pecado, mas que podem ser melhores em Igreja que é Corpo de Cristo, Povo de Deus e Templo do Espírito Santo.

Na linguagem cristã, a palavra Igreja designa a assembleia convocada por Deus, para celebrar o culto divino, o anúncio do Evangelho e a caridade em ato. Ao celebrar-se em Igreja, está-se a participar na oração de Cristo dirigida ao Pai no Espírito Santo e a realizar e a manifestar a Igreja como sinal de comunhão de Deus e dos homens por Cristo ao mesmo tempo que empenha cada cristão na vida nova da comunidade.

Por consequência, é necessário crer na Igreja que é a Luz de Cristo que resplandece e o lugar onde floresce o Espírito. Crer que a Igreja é santa e católica e que é uma e apostólica é inseparável da Fé em Cristo.

Por isso o dizemos e fazemos profissão de crer no Símbolo dos Apóstolos.

Fazer parte de uma Igreja, ainda que pecadora é condição de ser-se cristão e implica uma participação consciente, ativa e frutuosa de todos.

Não há como fazer a experiência de se ser Igreja e comprovar o seu poder vivificador na fascinante aventura da vida e redescobrir, cada um por si mesmo, no meio das limitações de todas e de todos, aquele “e Deus viu que era bom, muito bom”, Ele que de tudo faz novo, conhece o nosso barro, mas que nos ama mesmo assim.

Nesta Semana Santa, que introduz e prepara a celebração da Páscoa, cabe também uma reflexão sobre como podemos ser mais e melhor Igreja para dar testemunho de como pelo Batismo e pela Fé em Cristo, sob a condição da liberdade como filhos de Deus, de acordo com o mandamento novo de amar como Cristo nos amou, sermos “sal da terra e luz do mundo”, isto é, construirmos a fraternidade uns com os outros.

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