A opinião de ...

As eleições no PSD

Vai a votos o PSD, no próximo sábado, em diretas, para escolher o sucessor de Rui Rio e a restante liderança. Mais uma vez. Desde há quase uma década que o PSD não tem vivido tempos de paz.

Não só pelos sucessivos desaires eleitorais, sendo estes, uma das principais causas para os tempos conturbados, mas também porque tem havido demasiadas disputas pelo poder entre quem foi liderando e os que se apresentam com ambição de liderar, onde nem sempre a lealdade imperou.

O resultado de tais disputas tem-se traduzido num desgaste do partido junto dos portugueses, que se tem vindo a acentuar, manifestando-se inclusive no crescimento de outros partidos no seu espectro ideológico-político, e que tem resultado numa travessia do deserto da oposição.

Ficou evidenciado isto mesmo nas últimas eleições realizadas em que os portugueses não se mostraram convencidos a atribuir grande percentagem de mandatos quer para o Parlamento Europeu, quer para a Assembleia da República, quer inclusive para as Autarquias, o que é manifestamente estranho, pois o PSD sempre foi um partido com forte implantação autárquica, da qual se tem destacado muitos dos seus principais quadros e obtido manifesta força eleitoral nacional.

Esta travessia difícil, longa e com a qual convive mal pois contraria o seu ADN, que é ser partido de governo e de reformas sociais e económicas do País no sentido da sua evolução, irá prolongar-se nos próximos 4 anos.

Assim, o que está em causa nestas eleições é se, do resultado das mesmas, o PSD, como um grande partido e base essencial da Democracia portuguesa, conseguirá recuperar a confiança dos portugueses, que já teve e perdeu nos últimos tempos, situando-se nos meros 20%!

Pela campanha a que se assiste entre as duas candidaturas, dá ideia de que continua muito virado para si mesmo, fechado no seu casulo interno e de questiúnculas sem interesse, em influências de voto de secção, não entusiasmando nem sequer os militantes, o que faz com que estas eleições passem quase despercebidas pelos portugueses. A ver pela mediatização é o que se pode concluir!

Não se assistiu a debates, a troca viva e dinâmica de ideias, a apresentação do contraditório sobre as propostas de um e de outro e, sobretudo à discussão dos problemas do País, da estratégia, dos meios e dos recursos para os resolver, da criação de riqueza e sustentabilidade.

Pela craveira política dos candidatos, o Dr. Luís Montenegro foi líder parlamentar e o Dr. Jorge Moreira da Silva foi Ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia e desde 2016 até há pouco tempo, exerceu as funções de Diretor na OCDE, liderando a Direção de Cooperação para o Desenvolvimento, não se esperava isso, apontando-se ao primeiro a não vontade para tal.

Contudo, ao PSD, como o maior partido da oposição e que, de certa forma, o seu destino a todos interessa, é-lhe exigido que não faça oposição por oposição, vazia e negativa, mas sim que apresente alternativas e que estas sejam conhecidas pelos cidadãos, que esteja preparado para disputar eleições e que o seu líder esteja preparado para liderar o país.
Daí que a preparação e especialmente a competência dos candidatos se afigura como o referencial e critério principal e decisivo das escolhas daqueles que irão votar.
Disso também dependerá o futuro do nosso País.

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