A opinião de ...

Divisão Absoluta

Saídos de uma maioria absoluta, eis-nos, após umas eleições com a menor taxa de abstenção das últimas décadas, numa divisão absoluta de poderes na Assembleia da República.
Na verdade, foi importante e digna de realce a participação das pessoas no ato eleitoral, numas eleições livres e justas, onde puderam votar de modo organizado e de acordo com a sua consciência.
No âmbito de um caminho percorrido pela Democracia portuguesa, em plena celebração dos 50 anos do 25 de abril, foi dado um significativo sinal sobre o direito e o dever de participar na edificação da sociedade também pelo voto!
Deste modo, o que estes resultados evidenciam, correspondendo efetivamente à escolha que o Povo fez, é a existência de uma certa polarização, de polos opostos, espelhando de certa forma o descontentamento com a governação dos últimos anos, em diferentes áreas essenciais, como a saúde, a educação, a justiça e a liquidez financeira no bolso dos portugueses.
Além disso, as sucessivas demissões, os casos e os casinhos, o desfasamento com o país real que está para além de Lisboa e Porto, das bolhas dos comentadores e de alguma imprensa e talvez ainda mais importante, a ausência de uma liderança partidária mais aglutinadora e assertiva fez com que não se destacasse em especial nenhum líder partidário de modo a atrair a votação massiva das pessoas.
Bem sabemos que, tendencialmente, as pessoas votam acima de tudo nos líderes!
Assim foi o caso do Círculo Eleitoral de Bragança, onde os cabeças de lista da AD, pelo seu reconhecimento e credibilidade como autarcas, a sua presença e proximidade com as pessoas, além de uma campanha muito bem organizada, lhe granjearam a confiança dos concidadãos bragançanos.
Isto, a somar ao seu elevado conhecimento do território, dos seus problemas e dos seus desafios principais, a apresentação e defesa argumentada das suas propostas, contribuíram decisivamente para a galvanização do eleitorado e a obtenção de um resultado claro e expressivo.
Com denodo e responsabilidade também o fizeram as outras lideranças partidárias, em que se gostando mais ou menos das suas propostas, contribuíram para o debate e enriquecimento das ideias tendentes ao desenvolvimento económico e social destas Comunidades Intermunicipais do Interior do nordeste transmontano, pelo que lhe cabem também os agradecimentos de todos nós.
Agora é hora de nos amarrarmos ao futuro.
Todos nós, Portugal, não desejamos e não esperamos exercícios de autoafirmação ou de exibição de poder(es), de ferocidade nas redes sociais, de crispação e ofensas para quem pensa diferente, mas, pelo contrário, que sejam abertos os canais do diálogo para que pelo menos o entendimento fundamental e uma congregação de vontades da maioria para resolver os desafios que temos pela frente.
As deputadas e os deputados eleitos à Assembleia da República têm agora nas suas mãos a responsabilidade de protagonizar as respostas aos problemas que as pessoas anseiam serem dadas, com urgência-
Se não, voltaremos a eleições. Quando?

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