Metamorfoses do espectro político português
Antes de mais, formulo votos de êxitos pastorais para D. José Cordeiro, que hoje (13 de Fevereiro) concelebrou pela primeira vez na Sé de Braga, e para a Arquidiocese de Braga, uma arquidiocese animada na fé e na dinâmica na acção cristã católica. Fê-lo acompanhado de todos os crentes numa profissão de fé que não deixou ninguém indiferente. O Povo de Braga soube receber e motivar. Um bem-haja a todos e a todas. Bragança-Miranda fica órfã por algum tempo mas saberá auto-guiar-se.
Este artigo versa sobre as eleições legislativas do passado dia 30 de Janeiro sobre cujo resultado paira ainda a nuvem da inaceitação de muitos votos dos emigrantes do Círculo da Europa que quiseram demonstrar a sua portugalidade e a sua cidadania e não foram considerados (157.205 votos). Esperemos que este processo não termine numa grande desmotivação da participação dos emigrantes nos futuros actos eleitorais.
Mesmo assim, inserimos um quadro construído a partir dos resultados disponibilizados pelo e-sítio https://www.legislativas2022.mai.gov.pt/resultados/globais e considerados pelos seus autores resultados finais, organizados nas cinco territorialidades que constituem a comunidade portuguesa: resultados totais, no Continente, nos Açores, na Madeira, na Emigração na Europa e na Emigração fora da Europa.
Os quase quarenta e sete anos que levam as eleições legislativas em Portugal, desde 1975, apresentam-se ricos de dados mas apresentam também metamorfoses políticas e sociais que se reflectem nos resultados das eleições.
Estas metamorfoses observam-se a cinco níveis: a) passagem de um país católico a um país quase laico; b) passagem de um país rural a um país urbano; c) passagem de um país de população abandonada à sua sorte para um país solidário e de coesão social; d) passagem de um país dividido entre Esquerda e Direita a um país sem clivagens ideológicas; e) passagem de uma cultura de intolerância a uma cultura de tolerância pelas expressões e opiniões dos outros e das outras mau grado alguns arrufos de adolescência por parte de responsáveis do Chega.
O deslocamento de votos, desde 1995, do PSD e do CDS para o PS espelha as mudanças relativas às alíneas a) a c). A aceitação dos novos partidos Livre, Chega e IL, em igualdade de circunstâncias com o PCP-PEV e com o BE revelam o esbatimento das clivagens ideológicas e da vivência de uma cultura de respeito e tolerância (alíneas d) e e)).
Os dirigentes dos partidos e coligações saberão ler e interpretar os resultados e as aspirações do Povo. Se o fizerem de acordo com os princípios e ensinamentos que os resultados revelam, saberão agir para o futuro. E o Povo, grande sábio e justiceiro, decidir