A opinião de ...

É por estas, e por (muitas) outras, que temos o País que temos (1)

Decorridos mais de cem dias desde que, sob a capa hipócrita da “intervenção especial” decretada pela camarilha de monstros sanguinários que a governam, a Rússia lançou sobre a Ucrânia uma guerra selvagem, devastadora e sem fim à vista que pode comprometer o futuro de toda a humanidade.
Neste sentido, é urgente que todo o mundo livre na sua globalidade e os países, (incluindo o nosso) cada qual na sua especificidade, assumindo cada um a cota parte da sua responsabilidade, se unam para, duma vez por todas, sem sofismas e sem reservas, avaliarem o que cada um quer, pode e deve fazer para a travar.
Sabido como é que, em questões de solidariedade Portugal não recebe lições de ninguém, neste caso concreto da invasão da Ucrânia, sem ostentações saloias nem miserabilismos injustificados, é indispensável que tendo presente a sua realidade de pequeno país periférico, não caia na tentação de aproveitar esta crise para esquecer ou maquilhar a problemática situação económica dum país como o nosso, e que, no que concerne à resolução dos grandes problemas que enfrenta, duma vez por todas, evite a tendência de nas dificuldades assobiar para o lado, tendência essa que, a não ser contrariada, o pode transformar numa espécie de país do “faz de conta”, tendo sempre presente que, para além de outras de menor visibilidade, nos debatemos com muitas situações para as quais, pelo impacto negativo que têm sobre o dia a dia das pessoas, urge encontrar soluções adequadas, com sejam:
-- Continuarmos a cair para a cauda da tabela dos países da União Europeia;
- Termos um Serviço Nacional de Saúde, esbulhado dos melhores profissionais quase à beira do colapso, onde se esperam meses, quando não mesmo anos, para conseguir uma simples consulta médica de especialidade, um vulgar meio auxiliar de diagnóstico ou fazer uma pequena intervenção cirúrgica, sermos obrigados a passar noites e dias em filas intermináveis à porta dos centros de saúde para conseguirmos apenas a informação de que “já esgotaram as senhas de acesso, voltem amanhã”;

- Estarmos atolados em processos vergonhosos como o da extinção do SEF, da construção do malfadado novo aeroporto de Lisboa, enredado numa teia impenetrável de interesses que ninguém quer ou pode deslindar, das broncas constantes na área da justiça, da total incapacidade de definir e implementar uma política de educação capaz de responder aos desafios, cada vez mais exigentes, etc., etc., etc.
- Perante a subida em flexa e a escassez de produtos essenciais que nos debatemos, ver o alheamento e a incapacidade repor urgentemente a capacidade produtiva do país em áreas vitais como a agroalimentar e indústrias associadas, para evitar que alastre uma dramática vaga de fome que, infelizmente, poderá estar bem mais próxima do que se imagina.

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