A opinião de ...

Arriscar

Segundo noticiou a Agência Ecclesia, o Papa esteve reunido, sábado, com os membros do Dicastério para a Comunicação, e indicou que a comunicação é um “movimento criativo” e pediu que arrisquem “com os valores cristãos”.
“O comunicador deve sempre arriscar! Comunicação é movimento criativo e com os nossos valores! Não é rezar a novena, mas os valores cristãos! Arriscar com valores cristãos”, disse o Papa no seu discurso divulgado pela Santa Sé.
Em Portugal, a Associação de Imprensa de Inspiração Cristã (AIC), de cuja direção o Mensageiro de Bragança faz parte, lembrava, por estes dias, as dificuldades que a imprensa enfrenta e a pouca atenção que o novo Orçamento de Estado dedica a este setor fundamental da democracia.
Numa carta enviada ao Ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, que tutela o setor, o presidente da AIC, Paulo Ribeiro, sublinha que a atual crise, aliada “aos problemas que já vinham de trás, coloca em perigo a subsistência a curto prazo de inúmeras publicações”.
O “brutal aumento do preço do papel decorrente da pandemia e da guerra na Ucrânia”, bem como a “escalada dos preços de impressão”, estão, segundo Paulo Ribeiro, a “tornar-se incomportáveis para os editores”.
“Tendo em conta de que não é possível uma intervenção direta por parte do Governo no estabelecimento dos preços de aquisição do papel nos mercados internacionais”, a AIC propôs ao ministro que, no âmbito do próximo OE, “seja aumentada a contribuição pública no âmbito do Incentivo à Leitura (vulgo Porte Pago) para a Imprensa Regional, a título excecional e transitoriamente, para 90%”, subindo dos atuais 40%.
Por outro lado, e com vista a incentivar a leitura de jornais e revistas, a AIC sugeriu para o próximo Orçamento de Estado, a inclusão da “possibilidade do contribuinte poder deduzir, em sede de IRS, as assinaturas de publicações até ao montante máximo de 100 euros/ano”.
Isto porque “compete ao Estado contribuir para a existência de uma imprensa livre e plural, de forma a cumprir-se um dever constitucional para o cidadão no acesso à informação, o que infelizmente já não se verifica numa parte considerável do território nacional com o desaparecimento de meios de comunicação sociais locais e regionais. Nunca, como hoje, esteve em risco a sobrevivência da imprensa”, sublinhou o presidente da AIC.
A situação da imprensa em Portugal faz-me lembrar aquela expressão a expressão de Bertold Brecht, sobre a falta de empatia entre os vários setores da sociedade. Quando já não houver imprensa livre à qual os cidadãos possam recorrer e confiar para vigiar os poderes dominantes, vão sentir a falta de quem os defenda.
Aí será tarde, porque já não haverá nenhum jornal para ouvir os cidadãos e os seus gritos de socorro vão perder-se no estrilho das redes sociais.

Edição
3910

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