A opinião de ...

A maioria dos ricos não sente a amargura dos pobres

Muitos ricos, indiscutivelmente, enriqueceram com as suas iniciativas, com a sua visão e também com o esforço e trabalho dos seus colaboradores.
Outros, roubaram simplesmente e se não roubaram herdaram, muitas vezes de quem roubou, como disse São Jerónimo. De resto, quem honestamente trabalha uma vida inteira nunca fica rico. A mim pouco me importa que os ricos sejam ricos, o que muito me aflige é que os pobres sejam cada vez mais pobres, que vivam neste nosso país em condições miseráveis, indignas de um ser humano.
Desgraçadamente há pessoas que dormem nas ruas e que não têm de comer! Gente que habita em barracas de zinco e de tijolos esburacados que, quando chove alaga o chão onde se deitam! Crianças tiritando de frio! Mulheres e homens embrulhados em cartões dormindo ao relento!
Esta é a parte do país escondida porque a outra mostra abundância. É a contradição real dos factos.
Alguns leitores dirão: “É assim em todo o mundo”. Eu sei que é mas o que entristece profundamente é que sendo Portugal um país pequeno, os governos foram incapazes de ter solucionado muitos destes grandes problemas,
Os salários são tão vergonhosamente baixos, os hospitais estão cheios, as consultas são permanentemente adiadas, etc, etc.
De acordo com o escritor Rafles, este afirmava que distribuir um pouco do dinheiro dos ricos, que nunca deixarão de ser ricos, para dar aos pobres parte dos seus lucros para obras caritativas, é investir nos mais necessitados, dar-lhes calor humano, prepará-los para o futuro.
A sua filosofia integra-se no espírito “franciscano”: é dando que se recebe ; é amando que se é amado.
Este senhor, com vontade de ajudar o seu semelhante, tinha nascido e ter experimentado com a amargura dos pobres, não tendo herdado grandes fortunas, era honesto. Terciamos uma sociedade mais saudável, mais justa, mais equilibrada.
Os ricos, muitos, nunca sentiriam a amargura dos pobres, talvez por isso a pobreza seja um assunto secundário, razão de estarem indiferentes a estas situações tão injustas como aflitivas.
No meio de isto tudo um grande mecenas deste país é o Comendador Rui Nabeiro, que nos merece especial respeito, que num gesto magnifico instituiu nos seus filhos o espírito de dádiva, de ajuda e respeito que lhes devem merecer os mais necessitados e o pessoal que com eles trabalha.
Se mencionei, o nome do Comendador Nabeiro é porque ele constitui um grande exemplo neste país.

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