A opinião de ...

Também na política, coerência e dignidade, ficam sempre bem... e custam pouco.

Quem estiver atento ao dia a dia da atividade das figuras, figurinhas e figurões da política que por cá se vai fazendo, facilmente se aperceberá da maneira ridícula, arrogante e sobranceira como, do alto das suas tamancas, elas comunicam com as pessoas que os elegeram, bem como da vaidade com que, quais herdeiros do pensamento do grande educador do povo, o camarada Arnaldo de Matos, se dirigem às pessoas, autoconvencidos de serem eles os únicos donos da verdade e os grandes educadores do povo, como se a revolução dos cravos de abril de 1974 que, os guindou para o Olimpo dos deuses, tivesse sido feita por eles e só para eles.
Porém, porque quase todos os deslumbramentos duram menos que os fogos fátuos e, não raro, acabam mal, quando as coisas começam a dar para o torto, é ver quem foge mais depressa e melhor sacode a água do capote, esquecendo, comprometendo e até mesmo atraiçoando cobardemente quem lhes deu a mão e os manteve a flutuar muito para além do que mereciam e, antes que fosse tarde e que as coisas piorassem para o seu lado, lhes caísse a máscara, lhes tirassem o tapete e o chão lhes fugisse debaixo dos pés, na presunção de que tudo passasse com o tempo, numa situação vergonhosa como a que criaram para Portugal, foi um regalo vê-los a bater com a porta e dar às de vila Diogo para bem longe.
Sem dignidade nem vergonha, deixaram o país mergulhado numa das crises mais sérias da últimas décadas, cujo impacto vai ser fortemente penalizador para a vida das pessoas e de consequências imprevisíveis para o futuro económico, político e social de todo o país, deixando tudo aberto atrás deles para uma nova escalada dos preços dos bens de consumo e dos serviços essenciais como a saúde, o ensino e os transportes, cujas primeiras e grandes vítimas serão, como sempre, os mais desfavorecidos e os menos culpados, o que, de resto, seria razão mais que suficiente para obrigar as principais vedetas deste vergonhoso desfile de vaidades a pensarem seriamente na alhada miserável em que se meteram e se fundaram, arrastando com eles para o fundo, quem não tinha nada a ver com a sordidez dos meandros e das tricas mais ridículas dos gabinetes do poder.
Agora que a vergonha desceu tão baixo, a avaliar pela reação indecorosa ao “ponto final parágrafo” do texto da Procuradoria Geral da República, é normal que, para salvarem a sua face, tentem imputar a terceiros a culpa da queda dum governo que, na tentativa desesperada de fuga para a frente, acabou por se derrubar a si próprio, o que nos faz lembrar a história do lobo que, não podendo culpar o cardeiro por lhe turvar a água do rio, culpava o pai dele que estava no curral e, na mesma ordem de ideias, lembrar o conhecido ditado popular: “Quem mal fizer a cama, mal nela se deitará”.

Edição
3963

Assinaturas MDB