Orçamento de Estado/2024: se dúvidas havia...
A poucos dias do prazo limite para a entrega na Assembleia da República da proposta do Orçamento Geral do Estado para 2025, a qual, apesar dos muitos e variados fatores, internos e externos, que a condicionam, e na muito pouco provável hipótese de, na entrevista que vai conceder à SIC no próximo dia 8, o Primeiro Ministro Luís Montenegro possa surpreender o país com uma notícia bombástica de sinal contrário, o que seria um autêntico terramoto político de consequências difíceis de calcular, terá condições suficientes para ser aprovada pelo parlamento na generalidade, não obstante o governo minoritário da AD depender de terceiros para o conseguir.
Seja qual for o desfecho final, por mais que as forças políticas envolvidas neste processo nada exemplar, tentem aproveitar a embalagem para lavar a face, entoar loas ao seu desempenho, enaltecer a grandeza das suas vitórias e camuflar a sua tendência inata de analisar tudo em função das suas ideologias e dos seus interesses pessoais mais imediatos, dificilmente conseguirão livrar-se do labéu de terem participado num dos processos mais vergonhosos dos cinquenta anos de vida democrática para dotar o país dum orçamento de estado, de acordo com as possibilidades do país e as necessidades das pessoas, ignorando as graves condições de incerteza, capazes de enredarem o país numa teia devastadora de crises políticas, económicas e sociais, como as que já se verificam um pouco por todo o mundo.
Curiosamente, ou talvez não, o certo é que a proposta do orçamento do governo da AD para 2025, surpresa das surpresas, por difícil que possa parecer, até poderá ser aprovada por toda a oposição, na certeza mais que evidente de que, ao contrário do que todos repetiram até à exaustão, a verdade nua e crua, é que têm todos com mais medo das eleições do que o diabo da cruz, na plena certeza de que essa hipótese, a manter-se o atual desequilíbrio de forças da atual composição do parlamento, será de todo impossível por muito tempo formar um governo apoiado numa maioria estável que lhe possa garantir as condições necessárias para assumir a governação do país durante uma legislatura.
Será isto que o país precisa, o povo espera, o bom senso exige e o sentido de estado aconselha?
Com toda a certeza que não.
Na atual conjuntura nacional e internacional, na cada vez mais preocupante incerteza do que será o dia de amanhã, na sua qualidade de principal responsável pelos destinos do país e do seu povo, do governo espera-se e exige-se que, com prudência, justiça e equidade, mas sem demagogia nem preocupações eleitoralistas, faça tudo o que estiver ao seu alcance para não por em risco a felicidade das pessoas e o futuro do país.
O povo merece, agradece e não esquece.