A opinião de ...

Eleições Legislativas, um embuste de vinte e quatro milhões?

Lembrando o proverbio “Logo se vê na aragem quem vai na carruagem”, a não ser que durante o resto da campanha eleitoral, os partidos tenham um rebate de consciência que os faça parar para tentar corrigir a inutilidade de tudo quanto disseram nos fastidiosos meses da pré campanha, fatalmente, esta poderá ser a realidade, nua e crua, com que o país poderá ser confrontado na noite do próximo dia dez de março, quando forem conhecidos os resultados das eleições dos quais, em tese, não está excluída a hipótese da repetição das eleições.
É que, num país como Portugal, onde a palavra democracia serve para justificar tudo e o seu contrário, segundo os interesses e as conveniências de cada um em cada momento, a atividade desenvolvida pelas forças concorrentes, salvo poucas e honrosas exceções, foi de tal maneira pobre, ridícula e miserável, que não é de excluir a hipótese de o processo eleitoral acabar num rotundo fracasso, capaz de desacreditar e fazer corar de vergonha muitas das atuais figuras de proa da política nacional que apareceram nas televisões em ações de publicidade não paga, pomposamente classificadas como debates eleitorais, mas duma pobreza franciscana só comparável às tristemente célebres “Conversas em família” proferidas pelo professor Dr. Marcelo Caetano na pré agonia da ditadura.
Na realidade, é preciso ter muita lata e desfaçatez para que alguém tenha a coragem de vir às televisões em horário nobre apresentar-se ao país como candidato a deputado, para participar em simulacros de debates eleitorais, que mais parecem as discussões dos meninos no recreio da escola primária, para discutirem quem joga melhor o pião, acaba mais depressa o jogo da macaca, ganhava o jogo dos traites e lança melhor o pingue jogo da bilharda.
Só que eram meninos, cuja única preocupação se cingia ao direito e à necessidade de pular, correr e brincar nos recreios, enquanto que dos deputados, por todas as razões e mais uma, se exige e espera que se preparem para estudar e ajudar a resolver, com justiça e equidade, os inúmeros problemas que afetam a vida das pessoas em áreas tão importantes como a saúde, a educação, a habitação, a justiça, os serviços públicos, os transportes, a agricultura, a pobreza envergonhada, o desemprego de longa duração, o abandono e o isolamento dos idosos, bem como travar os aumentos insuportáveis de bens de primeira necessidade como os alimentos, os combustíveis e os medicamentos e criar condições objetivas que impeçam a emigração dos jovens e criem condições dignas e apelativas para promover o regresso dos que já emigraram o que, não sendo nada fácil, é sempre possível, assim haja vontade para o fazer.

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