A opinião de ...

Da Jornada Mundial da Juventude 2023, ao “Concílio de Lisboa”

Muito para além da festa da denominada “juventude do Papa”, um dos aspetos mais marcantes da sua participação na Jornada Mundial de Lisboa, foi a sobejamente manifestada vontade de se afirmar como parte integrante duma Igreja com mais de dois milénios de existência, para assim poder transformar-se no verdadeiro dinamizador da sua renovação e adaptação às novas exigências dos novos tempos, igreja que, de forma alguma, se pode conformar com o imobilismo de que, há já demasiado tempo, vem dado sinais preocupantes, mostrando-se cada vez mais difícil cumprir a missão  que o Senhor lhe confiou.
No contexto da envolvência dos principais atores da JMJ de Lisboa, ressaltam claramente à vista como as grandes linhas de força que a caracterizaram, tanto a mensagem clara da juventude atual, como o envolvimento total do Papa Francisco, bem patente na maneira lúcida como classificou a situação atual da Igreja católica, como, e especialmente, pela coragem com que defendeu a necessidade de romper com um passado demasiadamente fechado e dogmático, que já não se coaduna minimamente com a realidade atual do que são as necessidades, os sonhos e as exigências das camadas mais jovens, situação que só tem paralelo nos tempos do pré Concílio Vaticano Segundo.
Só que, de então para cá, muitas coisas mudaram.
Para desencadear o tsunami que veio sacudir a inércia e o acomodamento da Igreja de então às realidades daquela época, foi necessário realizar um concílio, que se prolongou por vários anos, no qual a situação foi analisada de dentro para fora, e no qual, comodamente instalados na magnificência e na comodidade dos salões do Vaticano,  pontificaram os iminentíssimos cardeais da Cúria romana e outras figuras destacadas da hierarquia da Igreja, tantas delas comprometidas e defensoras do status quo de então que, sobremaneira lhes convinha e lhes interessava, cuja grande, única e exclusiva preocupação se resumia à defesa e perpetuação dos seus pergaminhos e a s suas mordomias.
Bem pelo contrário, este gigantesco e autentico “Concílio de Lisboa” em que se transformou a JMJ deste ano de 2023, foi imposto de fora para dentro, impulsionado pelos gritos, pela fé e pela rebeldia desta nova juventude do século 21 que, foi fascinada pela sinceridade, pela maneira franca, sincera e aberta como o Papa Francisco, um homem de procurar soluções e nunca de levantar questões, expunha as suas ideias sobre os problemas, os sonhos, os anseios e as dificuldades com que se debate, se classificou a si própria como “A Juventude do Papa”, esperando agora que, assumindo  cada um as suas responsabilidades, possa resultar desta interação a esperança de um mundo melhor.

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