A opinião de ...

Basta de Paleativos e “Pílulas” de Genéricos no SNS!

Subitamente, de há uns dias a esta parte e, lamentavelmente, pelos piores motivos, o Serviço Nacional de Saúde saltou para as manchetes da comunicação social na qual, através de um autêntico tsunami de notícias, comentários, opiniões, críticas, apoios, ataques e defesas de todo o jeito e feitio, vindos um pouco de todos os quadrantes da nossa sociedade, está a ser posta em causa a sua própria razão de ser.
Da mesma maneira que, não sendo o SNS o grande e o único culpado do estado de degradação em que se encontra, por respeito à verdade, também não pode eximir-se da responsabilidade de também ele próprio ser dos principais responsáveis por este estado de pré rutura a que chegou, o que em nada contribui para a sua defesa, eficácia e dignificação.
Mesmo assim, reconhecida que está a estrema gravidade a que as coisas chegaram, de que resultou a necessidade imperiosa de, de uma vez por todas, por de parte as políticas erradas de ir apagando os fogos à medida que se vão acendendo e do “remenda aqui e disfarça ali, que depois logo se verá”, porque só assim será possível implementar as medidas de fundo, globais e estruturantes para a reverter, o que torna imperioso que se consiga um entendimento generalizado, capaz de potenciar todas as condições necessárias, assim haja o indispensável sentido de estado, bem como a necessária competência e vontade política para isso.
Neste contexto, nada mais perigoso, errado e inútil para o SNS do que, numa perspetiva míope e canhestra deste problema de interesse comum, continuar a perder tempo e malbaratar energias, utilizando a sua situação atual como campo de batalha ou arma de arremesso, ao serviço de interesses políticos ou outros, quem sabe se não mesmo ao serviço de possíveis interessados na sua destruição.
Porque beijinhos, mesmo presidenciais, não constroem maternidades ou hospitais, não realizam epidurais nem cesarianas, as declarações de confiança não recuperam nem dão competência a ministros que se estatelam a todo o comprimento e se descredibilizam a si próprios, planos teóricos, comissões ad hoc, portarias, decretos e leis feitas à pressa, discursos inflamados em cerimónias de circunstância, palmadinhas nas costas e condecorações que, de banalizadas, fazem lembrar as medalhas de consolação atribuídas aos vencidos nos jogos de futebol, que não motivam e em nada contribuem para resolver as dificuldades e os dramas com que, hora a hora e cada vez mais, são confrontados os profissionais da saúde, mesmo já sendo tarde, está na hora de tomar estas coisas a sério e, nesta, como em tantas outras causas de interesse nacional, em defesa do SNS e da saúde das pessoas, dizer basta de paliativos com pílulas de genéricos e de água destilada!

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