A opinião de ...

(1) - Ilustres senhores, em 2024, por favor, e por alma de quem lá têm:

Não brinquem com os doentes, respeitem quem trabalha, não comprometam o futuro dos jovens, ajudem quem não tem casa, protejam quem não consegue defender-se, credibilizem ajustiça, esqueçam que o vosso umbigo é o centro do mundo, assentem os pés na terra, prometam só o que pudem cumprir e deixem de ser relapsos e contumazes na asneira.
No final do ano, ao contrário dos serviços públicos, as empresas e os cidadãos fazem o balanço da atividade do ano que termina para, depois da análise dos resultados, adotar as medidas adequadas para potenciar um melhor desempenho no novo ano.
Nos serviços públicos não é assim, o que é uma pena, e as consequências negativas desta maneira desastrosa de fazer política são tão evidentes e perigosas, que só não as vê quem não quiser.
Começando pela crise do Serviço Nacional de Saúde, de acordo com o espaço disponível, prometo voltar a este assunto nas próximas edições deste jornal.
1 -Brincar com a saúde e o suor de quem trabalha
Sim, “brincar”, porque brincar é o mínimo que se pode dizer do autêntico crime de lesa pátria que, impunemente, tem vindo a ser cometido na gestão dum serviço que, durante décadas, foi um exemplar Serviço Nacional de Saúde, de importância vital para as pessoas mais desfavorecidas, frágeis e carenciadas, serviço que, em menos de uma década, essa dita gestão, fez em cacos e reduziu à atual vergonha e inutilidade absoluta, nada mais restando dele do que a voracidade insaciável com que consome tantos milhões de euros, com os resultados escandalosos que se conhecem, com destaque para os serviços de urgência e de pediatria.
Para evitar o colapso total deste serviço, numa primeira fase, é urgente criar, em tempo útil, condições de trabalho dignas para os profissionais de saúde e dotar os espaços utilizados pelos doentes com as indispensáveis condições de conforto e bem estar para, de uma vez por todas, acabar com o espetáculo degradante de muitos destas áreas, onde os doentes passam horas sem fim armazenados como mercadorias em salas de espera sem qualquer conforto, empilhados em bancos corridos, esquecidos em macas nos corredores, quando não deitados no do chão sem que lhes seja disponibilizada uma simples manta de agasalho ou uma bebida quente para lhes minorar o sofrimento.
E isto, note-se, não era antigamente nem no outro lado do mundo.
Isto foi ontem e é hoje, bem ao pé da nossa porta, neste Portugal de abril, em hospitais sem condições humanas e materiais para cumprirem a sua nobre missão de aliviar o sofrimento de quem os procura, autênticas antecâmaras do inferno, na fachada dos quais devia estar gravado a fogo o aviso aterrador escrito por Dante na “Divina Comédia”:
“Ó vós todos que aqui entrais, deixai fora toda a esperança”
Mas isto são contas doutros rosários, para contar nas próximas semanas. Por hoje, para quem merecer, votos de um Feliz Ano Novo.

Edição
3967

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