A opinião de ...

Não adianta falar se não for votar

De quatro em quatro anos, os fanáticos da bola reforçam o stock de cerveja e aperitivos salgados para se sentarem em frente à televisão, durante um mês, para o Europeu (ou Mundial, ou os dois, de forma alternada) de futebol.
Mas a cada ciclo de quatro anos um outro acontecimento tem um impacto brutal nas nossas vidas. As eleições autárquicas, que colocam mãe e filho, que vivem na mesma casa, em listas opostas (acontece numa aldeia do Parque de Montesinho) ou irmãs contra irmãs (numa das freguesias urbanas de Bragança), chegaram. A partir de domingo deixa de haver desculpas para não ir votar.
Apesar da pandemia, as autoridades garantem condições de segurança para todos, assim como já aconteceu nas presidenciais.
Em Bragança, por exemplo, o local de vacinação vai ser, agora, o da eleição.
Não adianta vociferar nos cafés e redes sociais se, depois, os cidadãos não forem exercer os seus direitos de voto.
Um direito de tal importância que a própria Comissão Nacional de Justiça e Paz emitiu um apelo ao voto.
"Em vésperas de eleições para as autarquias locais, a Comissão Nacional Justiça e Paz vem apelar à participação consciente de todos os cidadãos nessas eleições.
Recorda, antes de mais, as palavras do Papa Francisco na encíclica Fratelli tutti (n. 180): «Convido uma vez mais a revalorizar a política, que é uma sublime vocação, é uma das formas mais preciosas da caridade, porque busca o bem comum».
É verdade que o exercício da atividade política muitas vezes se distancia deste modelo de serviço ao bem comum para que apontam o Papa Francisco e os Papas seus antecessores, e que isso contribui para o desinteresse e o ceticismo em relação à política da parte de muitas pessoas.
A omissão de participação, a qualquer nível, é uma demissão do exercício da cidadania, não ajuda a alterar esse estado de coisas. É sempre possível fazer algo para o alterar, para além da crítica inconsequente. O voto informado e consciente é o primeiro passo nesse sentido. A ele se devem seguir outros, de responsabilização dos eleitos e sempre numa linha de exercício de uma cidadania ativa.
O poder local é o que mais próximo está das pessoas e dos problemas concretos que marcam o seu quotidiano. Verificámos isso mesmo na experiência recente da pandemia, em que o cuidado e a proximidade se revelaram essenciais para atenuar o sofrimento de muitos e em que as autarquias locais foram instrumento fundamental na concretização do programa nacional de vacinação . Também por isso, assumem particular relevância estas eleições. E é também junto das autarquias locais que mais direta e facilmente pode ser exercida a cidadania ativa: através de iniciativas, propostas e críticas construtivas, sempre em prol do bem comum", lê-se.
Não falte.

Se houve coisa que a campanha eleitoral trouxe foi mais contacto com as pessoas do mundo rural. Após ano e meio de pandemia que acentuou décadas de isolamento, a ânsia de contacto humano "fresco" era muito. O que nos vem lembrar que, de facto, é de afeto e atenção que mais se anseia no regresso à normalidade. E todos os candidatos deviam ter isso em mente todos os dias, não apenas de quatro em quatro anos.

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