A opinião de ...

1.º de Maio, Dia do Trabalhado

maio nasceu em 1886. Nesta data, mais de meio milhão de operários saiu à rua, em Chicago, e manifestou-se contra o Estado e as entidades patronais. Reclamavam melhores condições de trabalho e um horário de 8 horas. Estava-se no auge da revolução industrial, de que a cidade de Chicago foi um bom exemplo da exploração da mão-de-obra barata, infantil e em condições miséria, com o objetivo único e exclusivo do lucro. Apesar das manifestações serem pacíficas houve violência policial, com feridos e mortos, mesmo entre os polícias, e muitas detenções. Vários dirigentes acabaram condenados à morte e executados e, muitos outros, condenados a prisão perpétua. Em 1890 os trabalhadores norte-americanos viram a sua principal reivindicação consagrada: A jornada de 8 horas. Em Paris, no ano de 1889 foi consagrado o 1.º de Maio como Dia Internacional do Trabalhador.
No final do sec. XIX, o Dia do Trabalhador era comemorado, com alguma naturalidade, pelo operariado português, que se movimentava em torno do associativismo e das greves, segundo o historiador José Mattoso. Também reivindicava redução das horas de trabalho, melhores condições laborais e melhores salários. Durante a I República o dia não foi considerado feriado. Desde 1933 até 1974, durante o chamado Estado Novo, foi decretada a unicidade sindical e as manifestações e do Dia do Trabalho (e não do Trabalhador), eram organizadas e controladas pelo Estado, através das suas polícias.
Com a restauração da democracia, na revolução do dia 25 de Abril de 1974, o 1.º de Maio foi restituído a quem de direito, aos trabalhadores. É o símbolo do exercício da liberdade, individual e coletiva do direito de reunião e de manifestação na sua plenitude. À polícia, aos polícias, em cumprimento das suas funções de autoridade, compete assegurar e garantir, a cada momento e em cada local, que há condições de segurança para tal exercício. Os valores da liberdade e da segurança são essenciais ao estado de direito e estão sempre ligados de forma intrínseca. Liberdade sem segurança é o caos social. Segurança sem liberdade é escravidão.
Neste Dia do Trabalhador de 2023, em Portugal e um pouco por todo o mundo (não na Rússia porque o tirano Putin ordenou que se fizesse a guerra, com ataques permanentes e mortíferos à sua vizinha Ucrânia. Não na Ucrânia porque os seus trabalhadores só pensam em defender-se dos ataques absurdos, destruidores e assassinos dos russos. Não no Sudão porque uns guerrilheiros financiados pelo déspota Putin querem tomar o poder. Não nos EUA porque têm as suas próprias convenções e celebram-no na primeira segunda-feira de Setembro), os trabalhadores participaram em manifestações para exigir dos seus governos mais justiça social. Após 3 anos da crise do Covid-19, seguidos da guerra e conflitos vários, com as crises energética e alimentar, os trabalhadores estão mais pobres e alguns ricos muito mais ricos. Os sacrifícios exigidos não estão a ser compensados e a injustiça e as desigualdades são cada vez mais acentuadas.
Como referiu o director-geral da OIT, é necessário construir uma sociedade equitativa em que a ação dos políticos esteja centrada nas pessoas, no seu bem-estar material e espiritual, em condições de liberdade e dignidade, segurança económica e igualdade de oportunidades.

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