Mirandela

Comandante denuncia que bombeiros não têm equipa de combate a incêndios florestais

Publicado por Fernando Pires em Qui, 2020-06-18 10:06

Luís Soares revela que a equipa de combate a incêndios foi suspensa por estar em situação ilegal. Direção remete-se ao silêncio, mas confirma que pretende contratar novo comandante.

Os bombeiros voluntários de Mirandela são o único corpo ativo do distrito de Bragança que não tem uma equipa de combate aos incêndios florestais, no âmbito do dispositivo especial de combate aos incêndios rurais, conforme o plano de operações de socorro distrital.

A denúncia é do próprio comandante dos bombeiros de Mirandela em regime de substituição que mostra o seu desagrado pela alegada ausência de resposta por parte da direção para a colocação de uma equipa na corporação que são compostas por 1 veículo de combate e 5 bombeiros, sendo responsáveis pelo ataque inicial nos incêndios florestais e estando em prontidão 24 horas durante a vigência do dispositivo especial de combate a incêndios rurais.

Em comunicado enviado à comunicação social, Luís Carlos Soares revela que esta situação acontece desde o dia 3 de junho, altura em que a equipa terá sido “suspensa pelo comando distrital de Bragança, por não estar de acordo com o regulamento em vigor para sua efetivação”, pode ler-se na nota.

A situação foi confirmada ao Mensageiro pelo comandante do CDOS (Comando Distrital de Operações de Socorro) do distrito de Bragança. “É verdade que essa equipa de Mirandela foi suspensa por várias desconformidades e tivemos que alocar uma nova equipa na vila de Torre de Dona Chama, por forma a minimizar a falta de recursos humanos no território do concelho”, revela João Noel Afonso sem identificar que tipo de desconformidades foram encontradas para esta decisão de suspender a equipa.

Luís Carlos Soares adianta que, após reunião com o corpo ativo a 6 de Junho terá sido manifestada a disponibilidade em assegurar a escala e que endereçou, no dia seguinte, “um pedido para que a direção da associação se manifesta-se sobre qual seria a sua posição para a reativação da equipa no estrito cumprimento das normas em vigor”.

O comandante em regime de substituição refere no comunicado que a direção “não deu resposta, ficando os bombeiros de Mirandela com menos recursos para ocorrer a um eventual incêndio florestal”, acrescenta.

Luís Carlos Soares lamenta “profundamente” esta posição da direção da associação que, em seu entender, “coloca em causa a resposta dos bombeiros de Mirandela a estas situações e comprometendo o socorro à população”.

A finalizar o comunicado, Luís Carlos Soares lembra que tem existido uma diminuição crescente do número de equipas de combate aos incêndios florestais nos bombeiros de Mirandela. “Passou de quatro, em 2017, para duas em 2018 e uma em 2019, sendo que em 2020 não terá nenhuma, mas estando inicialmente prevista uma equipa no período compreendido entre 1 de junho a 15 de outubro”, conclui a nota.

O presidente da direção prefere não prestar declarações sobre o assunto. Marcelo Lago diz apenas que está a efetuar contactos para apresentar um novo comandante a título definitvo e posteriormente clarificar as várias polémicas que têm surgido, reiterando a ideia que a solução não passará pelo atual comandante em regime de substituição.

 

Clima de tensão

Luís Soares está a exercer o cargo, desde 1 de junho, depois do anterior comandante, Edgar Trigo, ter apresentado a demissão, no final de maio.

O enfermeiro do INEM de 36 anos já fazia parte do comando, mas terminou a comissão de serviço em outubro de 2019, em litígio com os procedimentos internos do presidente da direção. Desde então, manteve-se como oficial de bombeiro.

Com o pedido de demissão de Edgar Trigo, Luís Carlos Soares seria, de acordo com a legislação em vigor, o único elemento do corpo de bombeiros que poderia assumir o cargo durante este período de transição, até que a direção liderada por Marcelo Lago decida quem será a nova equipa de comando da corporação.

Esta legitimidade de Luís Carlos Soares exercer o cargo de comandante em regime de substituição está ligada ao facto de ser o bombeiro mais graduado do corpo ativo com cerca de 20 anos de serviço.

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