A opinião de ...

A competição

A competição é uma atitude voluntariamente assumida por dois ou mais contendores que, conforme o teor, a abrangência e o valor da contenda, assim vai revelando os caminhos que percorre e traduzindo diferentes resultados que poderei sintetizar em três categorias: inofensivos (há uma competição natural que parece não prejudicar ninguém); graves e muito graves. Estes são de tal ordem, que avassalam a Humanidade, e poderão contribuir, para, nalguns casos, fazê-la desaparecer, pela sua força, ameaça e determinação em destruir o Planeta que a suporta.
Compete-se diariamente, a toda a hora, num ato em que não é despiciendo o desejo de ganhar e de subir até ao topo da pirâmide, na sequência, por exemplo, duma invenção relacionada, com a maior facilidade, o melhor e o mais barato produto para limpar as estrias duma metralhadora, no mínimo tempo possível.
Alguma competição tem como companhia o amor-próprio, o desprezo, a inveja, o autoritarismo e, sobretudo, a ambição do mando, excluindo, ao mesmo tempo, o diálogo, a solidariedade, a amizade, a colaboração, o agradecimento e a congratulação.
É aquela competição parente do egoísmo, do narcisismo, do segredo e da simulação. Ela aplaina os caminhos para a corrupção. E dentro da corrupção, leva a competir pelo nível mais alto; e cada vez mais alto, se os previstos e ponderosos entraves no seu percurso maléfico entram também naquele caminho que, paulatinamente e em segredo, vão tornando mais macio.
Compete-se, naturalmente, entre casais, tal como dentro de cada casal. Assim também no percurso educativo, no desporto, no jogo, por um lugar no emprego, na plateia, na pista de dança, no autocarro e no comboio.
Compete-se por um lugar na praia, no restaurante, pelo carro “topo de gama”, pelo cavalo mais imponente, mais soberbo e mais veloz.
Há competição entre pares de namorados e mesmo de namorados entre si.
Competem os pobres, os ricos, as instituições, as aldeias, as cidades, os países…
Cada opositor compete com aquilo que tem e por aquilo que ambiciona ter. Cada opositor quer ser o maior, o mais conhecido, o mais influente.
Há opositores que não se importam de provocar, trair, e destruir, deixando para os outros o ónus de se reerguerem, se, para isso, tiverem oportunidade e força bastante para reverter a sua sorte.
Em termos de competição, vou fixar-me na competição entre países, com resultados que, tanto eu como a voz corrente, consideramos muito graves.
E a pergunta ingénua que, de imediato, emerge será: em que países não haverá fome, doença, miséria, injustiça, subserviência, falta de igualdade, de liberdade, de dignidade e de direito à educação; não haverá opressão, trabalho forçado, comportamento desumano?
Pois, na simples hipótese de haver estes e outros males, qual a razão pela qual os males não são perseguidos, aprisionados e vencidos?
Falta de recursos? Muito me admiro! É que não há falta de recursos para a construção das armas mais sofisticadas que bastará a detonação de algumas delas para, num segundo, pulverizar o Planeta com o consequente extermínio da Humanidade.

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