Pós Autárquicas 2025, a reflexão que terá de ser feita por todos
Bem à semelhança do que costuma acontecer em todas as campanhas eleitorais de cariz político, sejam elas europeias, legislativas, autárquicas, presidenciais, ainda que com as pequenas nuances impostas pela especificidade de cada uma delas, também das eleições autárquicas, realizadas no passado dia doze deste mês de outubro, tudo bem espremido, cabia numa mão fechada.
Como vem sendo hábito desde longa data, a generalidade dos candidatos de todos os quadrantes e de todas as tendências, arvorando-se em messias e salvadores da humanidade, teimaram em usar e abusar despudorada e escandalosamente, em proveito próprio, da paciência, da inteligência do nome do povo, dos interesses, das necessidades, das mais que justas espectativas e dos mais básicos direitos desse mesmo povo, povo esse com o qual pouco ou nada se preocupam nos tempos que antecedem as campanhas e com o qual se preocupam ainda menos logo que, como na sua incontestável sabedoria diz o nosso povo, (cala-te boca!), consigam levar a água ao seus moinhos.
Este é o sentimento cada vez mais generalizado da maioria dos eleitores, fartos e cansados da verborreia demagógica das elites de políticos bem falantes que, como papagaios, conseguem ocupar horas e horas de antena nas televisões a debitar palavras e repetir as mesmas futilidades de sempre, sem qualquer interesse para a maioria das pessoas, a passarem dificuldades e verem a suas vidas a andar para trás, descrentes e desiludidos com as promessas não cumpridas que, se não for revertido em tempo útil, mais depressa do que se possa pensar, a continuar tudo assim, porá em sério risco a sobrevivência de todo o sistema democrático do país, o qual, sem se dar por isso, acabará por se desintegrar e cair de podre.
Depois, se os deixarem, venham para a rua gritar que o povo é quem mais ordena, ficando sem resposta, quem é o povo e o que é que o povo ordena.
Duma análise muito sucinta dos resultados destas eleições, destacam-se alguns aspetos que merecem uma particular e cuidada e atenção:
1 – A abstenção continua muito alta, e o ter caído ligeiramente não é razão para embandeirar em arco;
2 – A organização das eleições, velha de meio século, tem de ser revista, nomeadamente no que diz respeito ao número de elementos das listas;
3 - Atendendo ao volume e á facilidade da divulgação da informação, duas semanas de campanha é tempo de campanha a mais;
4 – Especialmente em eleições autárquicas, para quê um dia de reflexão, se a grande maioria dos candidatos são bem conhecidos, são vizinhos, quando não mesmo familiares.
