Ser adultos no trabalho
Muitas vezes tenho ouvido que os dois confinamentos provocados pela pandemia de Covid-19 vieram quebrar muitos laços entre as pessoas, sobretudo nas relações laborais.
As crianças que foram obrigadas a ficar em casa num período crucial do seu desenvolvimento humano e pessoal viram, também, o crescimento das suas competências socias limitado aos ecrãs e aos programas de conversação à distância.
Que efeitos provocou toda esta situação, aliada à tensão, ao medo e ao receio nas nossas vidas, nas nossas mentes?
Talvez os resultados só venham a ser conhecidos dentro de anos, quando se realizarem estudos sobre a saúde mental da população.
Mas, à vista desarmada, há efeitos que parecem vislumbrar-se, desde logo numa capa protetora criada pela maioria das pessoas à sua volta. Muitos laços quebraram-se e o individualismo cresceu.
É certo que em momentos como este que se vive atualmente, do Natal, nota-se menos. Mas está lá.
Talvez por isso o Papa Francisco tenha dito, esta semana, aos participantes da terceira edição do “LaborDì”, o projeto que visa “promover e colocar o trabalho digno de volta no centro, “promovido pelas Associações Cristãs de Trabalhadores Italianos (ACLI) de Roma, que devemos “sair da toca”.
“Talvez o trabalho tenha parecido para vocês até agora como um problema dos adultos“, escreve o Papa na mensagem divulgada na terça-feira, citada pela Vatican News. “Como bispo idoso de Roma, gostaria de lhes dizer: não é assim!”, explica Francisco, destacando o compromisso e a energia necessários para o crescimento das novas gerações”.
“Mas, na realidade, fomos feitos para a luz, para o ar livre. Assim, depois de passar pela adolescência, o cenário do mundo se abre diante de vocês. Pode parecer cheio e distraído quando vocês chegam; e, no entanto, ainda falta a contribuição de vocês, daquilo que sempre vocês esperam. Com vocês – e gostaria de dizer a cada um: com você – o novo entra no mundo. Tudo, realmente tudo pode mudar”, disse o Papa.
O Sumo Pontíficie apontou, então, ao coração. “O coração sabe perceber e, quando for o caso, precisamos pedir ajuda e unir-nos a quem nos conhece e se preocupa conosco. É preciso escolher”, escreveu.
Francisco disse ainda que “o coração procura amizades, pensa sem isolar-se, aquece-se identificando-se. O coração pode ser flexível e generoso. Ele sabe abrir mão de algo, mas perseguindo o ideal”, sustentou o Papa.
Numa altura de harmonia, paz e solidariedade, preocupemo-nos em levar estes sentimentos ao longo dos 365 dias do ano e não apenas no Natal.
Que esta quadra traga a paz e a prosperidade por todos desejadas. Um feliz e Santo Natal para todos os que nos leem em qualquer lugar onde se encontrem.