A opinião de ...

Bem ‘mou finto’! (II)

De facto, somos um povo difícil de entender.
A nossa soberba não nos deixa ver ou pensar se o nosso vizinho precisa de nós.
A nossa vaidade não nos deixa ver ou pensar que os outros (amigos ou não) poderão precisar da nossa solidariedade.
A nossa inveja não nos deixa ver ou pensar que os outros (amigos ou não) podem ter mais do que nós e que, por isso, não devemos nem podemos considerar-nos menos importantes ou úteis.
A nossa ignorância e estupidez fazem com que haja quem pense ser possível expulsar das nossas aldeias os nossos vizinhos só e porque não deixam que ninguém roube ou queira roubar o que é seu.
Salazar dizia e pensava que o povo não era capaz nem sabia viver em democracia e, por isso, ele pensava pelo povo. Como ele tinha razão...
Somos todos muito democratas, mas os outros (amigos ou não) não podem discordar de nós. E se o fazem são apontados a dedo.
Pensamos e defendemos que, na política, só deviam estar os melhores e mais capazes. Mas como não fomos (nós) os escolhidos não nos cansamos de ver e apontar defeitos aos que foram escolhidos.
Apregoamos muito e muito alto que sem liberdade não pode haver democracia. Defendemos que a liberdade deve servir para criticar o que está mal e quem não faz opções politicas correctas. Mas se os visados somos nós já não é liberdade, mas sim difamação e que estamos a ser julgados na praça pública.
Dizemo-nos muito católicos e que até rezamos o “Pai nosso” todos os dias. Mas só rezamos ate ao “venha a nós”...
Dizemo-nos muito solidários e prestáveis e que gostamos muito de ajudar os outros, mas cada um que se desenrasque e que não me chateiem.
Cansamo-nos a mostrar as nossas públicas virtudes e a evitar que os outros descubram os nossos vícios privados.
Se os outros nos cortam um carvalho ou um sardão são uns ladrões mas se nós tentamos “apanhar” uma touça ou uma carrasqueira dizemos (depressa) que foi engano.
Porém, são estas contradições que fazem de nós o povo que somos.
E depois queremos dirigentes, políticos e governantes sérios e honestos.
Se não estudámos para juízes por que raio havemos de querer julgar e condenar os outros?
Somos um povo de extremos e, por isso, na política, temos o Chega e o Bloco de esquerda. Mas temos uma esquerda que quer ser mais democrática do que a direita.
Todos os que não pensam à esquerda;
Todos os que não agem à esquerda;
Todos os que não agitam as bandeiras de esquerda são chamados de xenófobos, racistas e fascistas como se fossem exemplo para alguém. E, depois, andam à porrada nos gabinetes dos ministros (de esquerda ?)
Não olham para a Rússia, para a Coreia do Norte, Cuba, Nicarágua, Irão, Palestina, China, Venezuela e Colômbia.
Tenho de concluir, pois, que a nossa esquerda é tapada, inculta, ignorante e que, em tudo, se parece com grupinhos fascistas, nazis e pouco recomendáveis e que, conforme se toca assim se dança.
E se o povo é assim queriam milagres...
Pois, milagres só em Fátima.

Bem mou finto.

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