A opinião de ...

E as vítimas?

Transformou-se numa futilidade defender-se a repetida concessão de oportunidades aos criminosos para reingressarem na sociedade que eles maltrataram, infligiram duplo sofrimento ao ponto de praticarem crimes hediondos. Nas televisões peroram especialistas da especialidade de desvalorizarem as vítimas a favor do pior facínora sem coração apenas porque é jovem sem emprego porque os empregos emigraram. Um aparte: os empresários de restauração queixam-se da falta de mão-de-obra e por aí adiante. Na Revista do Expresso inseriu-se uma reportagem acerca do tema, um dos exemplos era a de um velho ter sido massacrado por uma dupla de bandidos o mais novo dono de dezasseis anos possantes o outro na casa dos vinte. O homem desprovido de defesas foi torturado, esmagaram-lhe a cabeça com um calhau depois de o terem agredido de todas as formas e feitios. Presos foram condenados a vinte anos de cadeia. Pois bem uma senhora de apelido Peralta, magistrada, puxando escorando-se no código cujo filo filosófico é a reinserção e não a punição clamar contra o peso da pena aplicada. Li; perguntei a mim mesmo: será que ela diria o mesmo se o desgraçado fosse seu pai? A multiplicação de interrogações fica ao cuidado do leitor. A paisagem social portuguesa está inchada por lesões profundas, feridas sem cicatrizarem, maldades de toda a ordem, num pano de fundo onde ser velho é sinónimo de sofrer. Pergunto: então as vítimas não têm o direito, pelo menos esse, o de verem os algozes serem castigados conforme a monstruosidades praticadas? Então os atingidos não têm o direito de reclamar justas indemnizações pelos danos sofridos? Claro que têm, dirá qualquer um dotado de bom senso. Ultimamente têm-se sucedido actos sangrentos a obrigarem-nos a olhar o Mundo. Estou a ser excessivo? Não. Apenas tento perceber o tamanho da nódoa de fanatismo que avança: enterram-se pessoas vivas porque são cristãs, degolam-se outras reclamando-se um hipotético ajuste de contas com a América, leia-se Ocidente, activistas ditos inteligentes apoiam grupos caso do Hamas. Sabe-se lá porquê! Sabe-se. A sorte deles é não viverem debaixo das suas garras. As vítimas, só o facto de o serem devia animar-nos socorrê-las, no entanto, a maioria só acorda para o problema quando lhe entra em casa. Esquece: o tempo dela irá chegar. É urgente, é imperioso que os detentores de uma migalha de poder pensem no seu papel neste palco trágico e sinistro. Ainda pior quando os carrascos são a família.

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